Confrontos em Beirute fazem pelo menos seis mortos

Vítimas eram todas xiitas e dirigiam-se a um protesto convocado pelo Hezbollah contra o juiz responsável pelas investigações à explosão no porto da capital libanesa.

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Os tiros disparados provocaram uma trintena de feridos AZIZ TAHER/Reuters
O Exército fechou um perímetro nos bairros onde ocorreram os confrontos
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O Exército estabeleceu um perímetro de segurança nos bairros onde ocorreram os confrontos NABIL MOUNZER/EPA
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AZIZ TAHER/Reuters

Pelo menos seis pessoas morreram e cerca de 30 ficaram feridas depois de uma manifestação organizada pelo Hezbollah em Beirute esta quinta-feira ter sido atacada.

Durante a manhã, uma multidão começava a juntar-se nas imediações do Palácio da Justiça na capital libanesa para participar num protesto convocado pelo Hezbollah e pelo movimento xiita Amal que exigia o afastamento do juiz que está à frente do inquérito à explosão no porto da cidade, ocorrida no ano passado. Enquanto se dirigiam para o local da concentração, alguns dos participantes na manifestação começaram a ser alvejados por tiros de metralhadora.

Sucederam-se imagens de caos no centro da capital libanesa com pessoas a correrem pelas ruas enquanto tentavam procurar um local onde ficassem a salvo, descrevem os jornalistas no local. A violência obrigou à intervenção do Exército, mas os confrontos prolongaram-se ao longo de quatro horas, diz a Al-Jazeera.

O Exército estabeleceu um perímetro de segurança em torno dos bairros onde os confrontos ocorreram, uma zona politicamente sensível dividida entre as comunidades cristã e xiita e que já tinha sido palco de incidentes semelhantes durante a Guerra Civil libanesa entre 1975 e 1990. As vítimas foram todas identificadas como xiitas.

O Hezbollah e o movimento Amal acusam as Forças Libanesas, um partido cristão com relações próximas com a Arábia Saudita (que disputa com o Irão, apoiante do Hezbollah, uma guerra surda em todo o Médio Oriente), de estarem por trás do ataque contra os manifestantes. O Ministério do Interior diz que havia atiradores furtivos em telhados que dispararam sobre as pessoas que se deslocavam para o Palácio da Justiça.

O líder das Forças Libanesas, Samir Geagea, condenou o ataque que, na sua óptica, segundo a Reuters, é explicado pela circulação descontrolada de armas de fogo entre a população civil.

O primeiro-ministro, Najib Mikati, deixou apelos à calma e pediu à população que “não se deixe atrair pela sedição seja por que razão for”.

As cenas de violência desta quinta-feira estão a ser descritas como as mais graves entre grupos religiosos e políticos rivais desde o final da Guerra Civil e tornam evidente a profunda polarização no país, agravada com a explosão do ano passado.

A 4 de Agosto a explosão num armazém onde estavam mais de duas mil toneladas de nitrato de amónio foi responsável pela morte de 219 pessoas e pela devastação daquela área da cidade. O falhanço em apurar responsabilidades tem aprofundado a frustração dos libaneses e mostra uma enorme teia de impunidades que visam ocultar os culpados pela negligência que deu origem ao desastre.

O Hezbollah vem acusando o juiz Tarek Bitar, nomeado para liderar as investigações, de estar a conduzir de forma parcial o inquérito e tem exigido o seu afastamento. Uma nova decisão judicial, proferida esta quinta-feira, rejeitou os argumentos a favor da exoneração e manteve Bitar no cargo. 

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