Sobre o “prestígio” das majestades do TC

Com milhares de juízes, procuradores, professores, médicos ou trabalhadores independentes a terem de mudar de cidade todos os anos, os juízes do TC não deveriam usar a patranha do “prestígio” para proteger indisfarçáveis confortos pessoais.

Os juízes que aprovaram o parecer contra a transferência do Tribunal Constitucional (TC) para Coimbra podiam invocar mil e uma razões para justificar o seu voto. Não podiam era dizer que essa intenção política, a ser apreciada em sede parlamentar, é “um grave desprestígio” para a instituição. Ao recorrerem a este argumento absurdo, acabaram por construir uma imagem do país anacrónica e estúpida. Na sua nada douta visão de Portugal e dos portugueses, eles tentam estabelecer uma hierarquia entre cidades e territórios em que o sentimento único de pertença a um país é abolido com a distinção entre a capital e a paisagem. Na primeira, têm sede as instituições “prestigiadas” e os honoráveis cidadãos que lhes dão vida; no resto, fica tudo o que for subalterno, indigno das ostentações do poder, onde trabalham e moram portugueses de segunda categoria.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Os juízes que aprovaram o parecer contra a transferência do Tribunal Constitucional (TC) para Coimbra podiam invocar mil e uma razões para justificar o seu voto. Não podiam era dizer que essa intenção política, a ser apreciada em sede parlamentar, é “um grave desprestígio” para a instituição. Ao recorrerem a este argumento absurdo, acabaram por construir uma imagem do país anacrónica e estúpida. Na sua nada douta visão de Portugal e dos portugueses, eles tentam estabelecer uma hierarquia entre cidades e territórios em que o sentimento único de pertença a um país é abolido com a distinção entre a capital e a paisagem. Na primeira, têm sede as instituições “prestigiadas” e os honoráveis cidadãos que lhes dão vida; no resto, fica tudo o que for subalterno, indigno das ostentações do poder, onde trabalham e moram portugueses de segunda categoria.