Mulheres continuam em minoria na ficção televisiva europeia

Quem o diz é um relatório do Observatório Europeu do Audiovisual sobre a representação de género em seis categorias profissionais, entre 2015 e 2019 divulgado esta quarta-feira.

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As duas áreas em que as mulheres aparecem mais sub-representadas é nos cineastas e nos compositores, vertentes em que não chegam a ser sequer 10%, revela o relatório do observatório do Conselho da Europa Nuno Ferreira Santos

As mulheres continuam a estar em minoria na indústria de ficção televisiva na Europa, segundo um relatório do Observatório Europeu do Audiovisual sobre a representação de género em seis categorias profissionais, entre 2015 e 2019 divulgado esta quarta-feira.

O relatório Profissionais femininas do audiovisual na produção de ficção televisiva europeia fornece uma avaliação do desequilíbrio de género dentro de seis categorias profissionais do audiovisual na ficção televisiva europeia: realizadores, argumentistas e papéis principais de filmes e séries televisivas europeias (até 52 episódios por época) e produtores, cineastas e compositores de filmes e séries televisivas europeias (até 13 episódios por estação) difundidos ou disponibilizados no período em análise.

As duas áreas em que as mulheres aparecem mais sub-representadas é nos cineastas e nos compositores, vertentes em que não chegam a ser sequer 10%, revela o relatório do observatório do Conselho da Europa.

O estudo em causa visa responder a três questões metodológicas, a primeira das quais é saber como estão representadas as mulheres entre os profissionais activos da televisão europeia.

De acordo com os dados agora disponibilizados, correspondiam a 20% dos realizadores, 35% dos argumentistas, 43% dos intérpretes de papéis principais, 41% dos produtores, 8% de cineastas e 7% dos compositores.

No que respeita a perceber “qual a percentagem ponderada de mulheres nas categorias profissionais de obras televisivas europeias”, o relatório revela que é de 16% entre realizadores, 33% entre argumentistas, 45% nos papéis principais, 43% entre os produtores, e 7% e 6% entre cineastas e compositores, respectivamente.

O terceiro tópico de análise visava perceber qual a percentagem de partilha de obras audiovisuais de equipas dirigidas por mulheres, tendo a conclusão apontado para uma sub-representação feminina ainda mais significativa: 15% na categoria de realizadores, 24% de escritores, 22% em papéis principais, 36% de produtores, 7% de cineastas e 5% de compositores.

“Para além das desigualdades óbvias, este relatório mostra diferenças notáveis na actividade profissional audiovisual, dependendo do trabalho”, destaca o observatório.

Assim, as realizadoras colaboraram mais frequentemente com outros realizadores do que os seus homólogos masculinos, e com bastante frequência em equipas equilibradas em termos de género.

Já as argumentistas de ficção televisiva europeia trabalharam em grandes grupos, que ou eram dirigidos por homens ou equilibrados.

Para a avaliação da representação de género nos papéis principais, a limitação de dados tornou “a análise mais delicada”, indica o documento, esclarecendo que esta análise se baseia em informação do site IMDb (que fornece geralmente os nomes de quatro actores, embora por vezes sejam indicados mais, que correspondem geralmente aos quatro primeiros papéis principais).

“Os resultados não foram suficientemente claros para compreender quem desempenha os papéis principais, foi claramente uma actividade realizada em grupos e as equipas pareceram bastante equilibradas em termos de género”, conclui o relatório.

Ainda de acordo com as conclusões do estudo, as produtoras trabalharam principalmente sozinhas ou, quando se juntaram, em equipas equilibradas em termos de género.

Na ficção televisiva europeia, os cineastas eram principalmente homens e trabalhavam sozinhos ou com outros homens.

Também para os compositores, os dados mostraram tratar-se principalmente de homens e que trabalhavam sozinhos, mas “havia mais mulheres escondidas em equipas dirigidas por homens do que o oposto”.

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