Ministro da Defesa de S. Tomé e Príncipe acusado de tentativa de golpe de Estado

Primeiro-ministro pediu a exoneração de Óscar de Sousa e assumiu a pasta até ser nomeado um novo titular para o ministério.

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Carlos Vila Nova, o candidato mais votado na primeira volta das eleições, que provocaram a actual crise política em São Tomé e Príncipe JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

O primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, Jorge Bom Jesus, propôs ao Presidente são-tomense a exoneração do ministro da Defesa e Ordem Interna, Óscar Sousa, acusado pela oposição de ter tentado um golpe de Estado.

“Sirvo-me do presente para (...) propor a vossa excelência senhor Presidente da República Democrática de São Tomé e Príncipe a exoneração do ministro da Defesa e Ordem Interna, Óscar Aguiar do Sacramento e Sousa”, refere a proposta assinada por Jorge Bom Jesus, a que a Lusa teve acesso esta sexta-feira.

No documento, datado de 11 de Agosto, o primeiro-ministro acrescenta que irá assumir interinamente as funções de ministro da Defesa e Ordem Interna e que a proposta para um novo ministro “será feita oportunamente”.

O partido Acção Democrática Independente (ADI) tinha pedido na quarta-feira a demissão do ministro da Defesa são-tomense, que acusou de ter ordenado a detenção do Presidente da República e do primeiro-ministro, numa tentativa de golpe no país.

Num comunicado, o ADI afirmou que, no passado sábado, Óscar de Sousa, “por sua livre iniciativa e em conluio com alguns oficiais e cidadãos comuns”, protagonizou uma acção a que chamaram de “intentona golpista”, “com a finalidade de deter tanto o Presidente da República como o primeiro-ministro, subvertendo a ordem constitucional”.

“O ministro da Defesa e Ordem Interna, não reúne condições para manter-se num tão importante cargo, pelo que o ADI exige do primeiro-ministro e chefe do Governo, a demissão imediata e incondicional do Sr. Óscar Sousa, das funções”, refere o comunicado assinado pelo secretário-geral do partido, Américo Ramos.

O candidato Carlos Vila Nova, apoiado pelo ADI, foi o mais votado na primeira volta das eleições presidenciais realizadas a 18 de Julho, registando 43,3% dos votos. Guilherme Posser da Costa, apoiado pelo MLSTP/PSD foi o segundo mais votado, com 20,7% dos votos.

Após a proclamação dos resultados provisórios foram realizadas várias manifestações, trocas de acusações e denúncias de fraudes por causa do acto eleitoral.

Esta sexta-feira, o Parlamento são-tomense adiou, pela segunda vez e sem indicar nova data, a sessão plenária que deveria marcar o dia da segunda volta das eleições presidenciais.

O ADI acusou também, esta quarta-feira, o presidente do Parlamento, Delfim Neves, de se pretender autoproclamar Presidente interino do país. O secretário-geral do ADI, Américo Ramos, afirmou que Delfim Neves “decidiu sozinho adiar” por duas vezes a sessão plenária que deveria estabelecer a data da segunda volta das eleições presidenciais.

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