PAN contra homenagem a João Moura, o toureiro que “deixou os seus cães morrer à fome”

A homenagem que está a ser preparada ao toureiro investigado por prática de crime contra animais está a indignar o PAN. Líder já falou e pede que se impeça a sua realização.

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Inês Sousa Real, líder do PAN, criticou a homenagem ao toureiro e diz que cabe ao Estado agir Rui Gaudencio

A líder do PAN, Inês Sousa Real, partilhou esta quarta-feira a sua indignação com a homenagem que está a ser preparada ao toureiro João Moura. Para a deputada e porta-voz do partido, a homenagem internacional agendada para o próximo dia 26, no Campo Pequeno, em Lisboa, é incompreensível, não só pela sua natureza, mas porque elogia alguém “que deixou os seus cães morrer à fome”.

Numa partilha feita na sua página de Twitter, Inês Sousa Real lembra que João Moura é arguido num processo-crime por suspeitas de maus-tratos a cães. O caso remonta a Fevereiro de 2020, data em que o cavaleiro tauromáquico foi detido na sua herdade em Monforte, depois de os seus cães, da raça galgo inglês, terem sido encontrados com ferimentos e evidentes sinais de subnutrição. Dos 18 cães resgatados, um acabou por não resistir aos maus tratos e morreu.

A deputada pede ainda o fim das touradas, argumentando que “está nas mãos do Estado acabar com esta anacrónica actividade”. “Lisboa não pode continuar a ter touradas em pleno coração da cidade” nem “homenagens indignas como esta”, escreveu Inês Sousa Real. “Recordo que o terreno pertence à câmara municipal e a praça propriedade da Casa Pia, que se encontra sob a tutela do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social” e, por isso, o Estado pode decidir que quem explora o espaço não pode realizar touradas ou homenagear “alguém que tem contra si, a correrem, processos-crime por maus tratos a animais”. 

Inês Sousa Real aponta ainda que o cartaz do espectáculo tauromáquico inclui também uma referência ao filho do toureiro, João Moura Jr., que em 2013 esteve envolvido noutra polémica relacionada com animais, depois de terem sido divulgadas imagens no Facebook onde atiçava cães a touros. “Esta prática abjecta foi abolida na Inglaterra em 1835 e é conhecida como bull-bating. Consiste em atiçar cães para esfacelarem bovinos vivos, proibida também em Portugal por força da Lei de Protecção aos Animais”, explicou a deputada do PAN.

A deputada conclui a sua publicação assinalado a evolução dos direitos dos animais e a sua fixação como “um valor incontornável das sociedades modernas e do nosso ordenamento jurídico”. “A violência não faz parte dos valores da cidade de Lisboa e menos ainda do nosso país”, conclui Inês Sousa Real.

O PÚBLICO tentou ouvir o cavaleiro, mas não teve resposta às perguntas enviadas.

Na passada semana, cerca de 50 manifestantes protestaram contra o regresso das touradas ao Campo Pequeno, no mesmo dia em que a nova temporada de touradas arrancou. Entre os manifestantes estava também a candidata do PAN à Câmara de Lisboa, Manuela Gonzaga. Uma das promessas da candidata é a abolição da tauromaquia em Lisboa.

Manuela Gonzaga criticou que, em situação de pandemia, se tenham de deslocar equipas médicas para uma tourada e que o Campo Pequeno tenha “uma borla fiscal de 12 milhões de euros” quando há artistas desempregados, a passar fome, e livrarias e teatros a fechar, com produção artística sem ser amparada.

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