Camas de cartão e medalhas de material reciclado, nos Jogos mais sustentáveis de sempre

Há ainda os pódios que são feitos de plástico reciclado, uniformes dos funcionários com poliéster proveniente de garrafas recicladas ou carros totalmente eléctricos, num evento que está empenhado em ser “carbono zero”.

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As medalhas dos Jogos Olímpicos de Tóquio são feitas de materiais de dispositivos eletrónicos reciclados, tais como smartphones, câmaras fotográficas ou computadores Reuters/ANNABELLE CHIH

As questões da sustentabilidade estão na ordem do dia e, ainda antes do início dos Jogos Olímpicos em Tóquio, a organização nunca escondeu a sua ambição em que estas fossem as Olimpíadas mais sustentáveis de sempre, sob o lema “Be better, together – For the planet and the people” (“Sejamos melhores, juntos – Pelo planeta e pelas pessoas”).

A World Wide Fund for Nature, uma organização não governamental, que actua na conversação e na investigação do ambiente, já havia pedido que os organizadores dos Jogos tivessem em conta o modo como adquiririam madeira, papel, produtos marinhos e óleo de palma, uma vez que esse processo poderia “afectar profundamente” a conservação florestal e marinha dentro e fora do Japão.

E as mudanças em prol do meio ambiente começam desde logo pelo que todos os atletas mais anseiam na competição – os pódios e as medalhas. Os primeiros são feitos de plástico reciclado e as segundas têm na sua composição materiais de dispositivos electrónicos reciclados, tais como smartphones, câmaras fotográficas ou computadores.

Todos estes dispositivos foram doados pelo público em geral, recolhidos numa iniciativa denominada “Tokyo 2020 Medal Project” que se iniciou em 2017.

Mas há muito mais. As camas dos atletas são de cartão e os veículos de transporte são quase na sua totalidade eléctricos – pelo menos 90% são movidos a energia eléctrica. Os copos e embalagens de papel substituíram os de plástico de uso único e houve também a preocupação em minimizar o desperdício de alimentos e o excesso de embalagens.

Para além disso, muitos dos espaços temporários onde decorrem as competições foram construídos com madeira reciclada para que posteriormente possam ser desmontados, evitando que fiquem ao abandono e sem utilidade no final da prova.

A tocha olímpica também foi a mais “amiga do ambiente”, com uma base que foi feita a partir de alumínio e outros materiais reciclados. E nem o uniforme dos funcionários escapou, tendo sido utilizado poliéster proveniente de garrafas recicladas.

Objectivo “carbono zero”

Um dos compromissos do comité organizador de Tóquio 2020 é ter 100% da electricidade utilizada proveniente de fontes renováveis. A organização também estabeleceu a meta de reaproveitar ou reciclar 65% dos resíduos gerados durante o evento. No caso dos resíduos não recicláveis, estes serão destinados à geração de energia de biomassa.

Das 43 instalações dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, 25 já existiam e apenas dez são temporárias. A vila onde os atletas dormem, por exemplo, será no final das Olimpíadas transformada num complexo de apartamentos, que terá parte da sua energia gerada por células de combustível de hidrogénio, um combustível mais ecológico.

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As camas dos atletas são de cartão Ryohei Moriya / The Yomiuri Shimbun / AFP

O comité organizador está empenhado em oferecer um evento “carbono zero”, ou seja, conseguir emitir a mesma quantidade de CO2 atmosférico do que aquela que se retira por diferentes vias, deixando assim uma pegada de carbono zero.

Para o cumprimento desta meta, os organizadores dos Jogos Olímpicos de Tóquio contarão com a ajuda de créditos de compensação de carbono doados por empresas dos municípios de Tóquio e Saitama, as localidades onde decorre o evento.

Os organizadores prometeram uma pegada de carbono inferior à pegada de Londres 2012 e do Rio de Janeiro 2016 e estimaram que a competição iria gerar no máximo 2,73 milhões de toneladas de carbono.

No entanto, o número acabou por ser reduzido em cerca de 12% com a ausência a de público nas bancadas devido à pandemia de covid-19.

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