O cyberbullying também invadiu os Jogos Olímpicos

O japonês Jun Mizutani foi alvo de comentários ofensivos depois de vencer uma medalha de ouro olímpica na final de duplas mistas de ténis de mesa e veio a público falar do fenómeno do cyberbullying e condená-lo.

Foto
Jun Mizutani, em conjunto com Mima Ito, venceu a medalha de ouro na final de duplas mistas do ténis de mesa EPA/JEON HEON-KYUN

Jun Mizutani e Mima Ito conquistaram, na semana passada, a primeira medalha de ouro olímpica para o Japão na final de duplas mistas em ténis de mesa (4-3), numa vitória diante da dupla chinesa composta por Xu Xin e Liu Shiwen, considerada como sendo “invencível”.

Nesta que foi a estreia desta variante do ténis de mesa nos Jogos Olímpicos, a conquista japonesa tinha tudo para ser histórica e feliz, não fossem os episódios que se seguiram nas redes sociais.

Dias depois da vitória histórica, Mizutani publicou um tweet – que entretanto já foi excluído – no qual afirmou que havia recebido várias mensagens de adeptos chineses a dizer para “cair morto”.

No sábado passado, o mesa-tenista voltou a colocar na sua página de Twitter um vídeo onde mostra várias mensagens abusivas de uma conta anónima.

Jun Mizutani foi alvo de cyberbullying e esta segunda-feira, o mesa-tenista japonês já disse que vai lutar contra o “abuso online”. “Acho que sou mais imune a abusos online do que os outros”, disse aos jornalistas, completando que “é absolutamente algo que não devemos permitir que aconteça”.

Entre os muitos comentários e mensagens de felicitações pela medalha de ouro, Mizutani recebeu também ameaças de morte e vários comentários racistas e xenófobos.

O mesa-tenista japonês informou ainda que entrou “em contacto com todas as partes interessadas para que fossem tomadas as medidas necessárias”, tendo feito várias capturas de ecrã aos abusos online de que foi alvo.

“Se eu deixar todos os abusos online que estou a receber tal como estão, o alvo vai passar para outros atletas, então sinto que preciso de lidar com isto agora da melhor maneira “, disse Mizutani, esta segunda-feira.

Em Julho, o Comité Olímpico Japonês informou que havia criado uma equipa com a tarefa de patrulhar as redes sociais dos atletas presentes nas Olimpíadas, de modo a que as mensagens e os comentários abusivos fossem prontamente reportados às autoridades. No entanto, a organização ainda não se pronunciou sobre o caso.

Em declarações à Reuters, um porta-voz da polícia metropolitana japonesa garantiu que serão tomadas medidas caso os atletas façam uma denúncia.

Mais casos nos Jogos Olímpicos

Mas o caso de cyberbullying de Jun Mizutani não é o único nestes Jogos Olímpicos de Tóquio.

Depois de ter conquistado a medalha de ouro na final da ginástica artística geral individual e de se ter tornado no mais jovem campeão olímpico de sempre, as redes sociais do ginasta japonês Daiki Hashimoto foram inundadas com comentários abusivos, sendo até marcado nas redes sociais com publicações insultuosas.

Também An San, sul coreana que arrecadou três medalhas de ouro no tiro com arco, tornou-se alvo de hostilidade nas redes sociais por causa do seu corte de cabelo. Tanto a atleta, como o seu treinador, recusaram-se a prestar declarações aos jornalistas sobre o sucedido.

O surfista japonês Kanoa Igarashi foi igualmente alvo de comentários racistas e xenófobos nas redes sociais por parte dos utilizadores brasileiros, depois de ter derrotado Gabriel Medina na meia-final do torneio olímpico de surf.

A ira dos brasileiros levou a que desejassem “uma nova Hiroshima e Nagasaki”, fazendo alusão às cidades japonesas que foram devastadas por bombas nucleares durante a Segunda Guerra Mundial.

Sugerir correcção
Comentar