La Flor: o jardim dos caminhos que se bifurcam

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A Flor é uma abertura para uma nova forma de ficção especulativa, que se inventa a cada momento, fazendo uso da simples vontade de narrar

O cinema contemporâneo tem mostrado vontade de desafiar os cânones da duração dos filmes. Sob a protecção dos festivais, mas também fazendo uso das novas tecnologias digitais, o cinema distendeu-se. Tornou-se mais habitual ver filmes fora do formato — algo que, na história do cinema, apenas tinha estado presente nas franjas da vanguarda (Ken Jacobs, Jonas Mekas, Andy Warhol) — muitas vezes relacionando-se com a própria necessidade de ceder o cinema ao tempo comum, ao tempo da vida. Cineastas contemporâneos como Lav Diaz, Wang Bing ou Béla Tarr mostraram que esse tempo do cinema — a sua duração — pode ser confundida com a espera, a apatia, ou mesmo o trabalho incessante. Mesmo as webcams, que incansavelmente gravam o quotidiano, deram uma nova visão desta ideia de duração, e da sua eminente transfusão para um quotidiano banal. Muito dos cineastas contemporâneos incorporaram essas ideias em modelos mais complexos, como As Mil e uma Noites de Miguel Gomes, Ninfomaníaca, de Lars Von Trier, ou mesmo Kill Bill, de Quentin Tarantino. A estrutura episódica destes últimos como que transpunha, para o cinema mais autoral, uma espécie de estrutura de série de televisão. Não era a mesma coisa, claro, mas algo se intrometia nesta forma de contar histórias.

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