A “falta de civismo” deixa lixo espalhado pelo Monte do Picoto — mas o “maior problema” é o vandalismo

Carlos Dobreira, residente no concelho, diz que o monte “não tem estratégia de preservação” nem “manutenção diária”. Altino Bessa, vereador da Câmara de Braga, garante existir recolha de resíduos frequente. Por seu lado, o presidente da Agere diz que o problema maior são os actos de vandalismo sobre contentores e papeleiras.

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asm ADRIANO MIRANDA / PUBLICO

No último domingo, numa visita ao Monte do Picoto, em Braga, Carlos Dobreira deparou-se com um cenário que descreve como “grave”. Ao longo “do passadiço de acesso ao mirante e suas imediações”, viu garrafas de vidro e de plástico, máscaras, embalagens de comida, copos e guardanapos espalhados pelo chão, sem estarem depositados nos contentores existentes. Já na “zona com mesas de merendas” havia “rolhas, beatas de cigarro e até artigos de pirotecnia”.

Apesar de o relato ser referente ao que por ali encontrou no fim-de-semana, o habitante de Braga diz ao PÚBLICO que a situação “é frequente”, garantindo ainda ter já reportado esta questão a várias entidades, incluindo a Câmara Municipal de Braga.

“Acho que aquele local não tem estratégia de preservação e manutenção diária. De vez em quando são feitas umas limpezas pontuais, mas há muito lixo debaixo do passadiço, por exemplo”, aponta. Altino Bessa, vereador municipal com o pelouro do Ambiente, discorda da crítica de Carlos Dobreira: “Não há nenhum problema ambiental no Picoto. As pessoas vão sujando, há comportamentos de falta de civismo. Se as pessoas forem para lá comer à noite e se não meterem [os resíduos] nos caixotes do lixo, é óbvio que se for lá no dia seguinte que vou encontrar lixo.”

A recolha é feita “três vezes por semana” pela Agere, empresa municipal de águas, efluentes e resíduos, acrescenta o vereador. “Quando há mais afluência”, o trabalho é reforçado “aos fins-de-semana”, principalmente nos meses de Verão, esclarece Rui Morais. Para o presidente do conselho de administração da Agere, “o maior problema” têm sido os actos de vandalismo sobre os equipamentos da empresa dispostos em vários pontos do monte, como contentores e papeleiras. “Já pedimos o reforço da Polícia Municipal e da PSP para criar uma forma de dissuadir. No fundo, o problema é esse e não as vezes que recolhemos os resíduos”, reforça. 

Num email endereçado a várias entidades — entre as quais órgãos de comunicação social, o executivo municipal da autarquia bracarense e a PSP — Carlos Dobreira refere também que “é observável vandalismo nas instalações eléctricas”, sendo ainda “bem visíveis provas de perícia automóvel” no “piso de acesso à zona de estacionamento”. Todo cenário descrito, salienta, “traduz (...) falta de educação, de civismo e de respeito pela biodiversidade” existente no local.

Para além disso, nota o presidente do conselho de administração da empresa municipal, “há zonas de consumo de droga” no local. Por esse motivo, a Agere “faz uma limpeza regular com a Cruz Vermelha” nessas zonas, recolhendo “seringas e outro material que possa estar contaminado”. “O Picoto sempre foi assim”, diz, “mas agora, com as condições de acessibilidade e de uso melhoradas, as pessoas estão mais atentas”. Altino Bessa afirma que não tem recebido “queixas relativamente ao Monte do Picoto”. Por sua vez, Carlos Dobreira diz não ter recebido resposta por parte da autarquia relativamente ao assunto exposto.

O vereador lembra que o Monte do Picoto conta com a vigilância das forças de segurança, que passam por lá “com frequência”, e adianta que será “colocado um sistema de videovigilância” no local, que “é cada vez mais frequentado” pela população. Várias intervenções no monte contribuem para isso: em 2019, por exemplo, abriu o Picoto Park, um parque de aventura que ocupa 14 mil metros quadrados. Conta com circuitos de arborismo panorâmico, slide, escalada e paintball, por exemplo. Mais recentemente, em Março, a autarquia inaugurou ali um trilho não asfaltado com 3,6 quilómetros de extensão que proporciona uma vista panorâmica sobre a cidade.

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