O famigerado quebra corações, uma forma de Garcia nos apresentar Canção

Ele chama-se Garcia e o álbum tem por nome Canção. Duas palavras curtas, com história por detrás. Garcia, nascido em Lisboa em 23 de Dezembro de 1982, já o conhecemos como João Garcia Barreto de um primeiro álbum a solo, Refúgio, lançado em 2016, e também do trabalho que tem desenvolvido com vários projectos e músicos, entre os quais a Phil Mendrix’s Band do lendário guitarrista Filipe Mendes (1947-2018). O novo álbum, o seu segundo a solo, será lançado no final do Verão, em Setembro, e deve o nome (Canção) à ideia de homenagear, na música e na escrita, os criadores de canções portugueses. Como explica Garcia ao PÚBLICO: “Quando fiz a primeira canção deste novo álbum, comecei a escrever e mencionei uma ou outra influência. De seguida, como estava em maré de escrita, surgiu-me o conceito de ‘canção’ e essa acabou por ser uma palavra repetida em todas as canções, essa e ‘coração’. Depois pensei: de facto, a canção tem de ligar-se ao coração das pessoas.” E no lote de citados estão, entre outros, Carlos Tê e Rui Veloso, Jorge Palma ou Pedro Abrunhosa. “Todas essas canções e esses autores me disseram alguma coisa. Cresci com eles, formei o meu ser através das canções que eles escreveram. O novo álbum é sobretudo um tributo a quem faz e compõe as canções e quem as escuta e sabe escutar. Numa delas, até digo: ‘Para que serve uma canção quando alguém ouve’?”

O álbum terá dez canções, de O amor não se empresta até Se formos a Paris, mas foi a sétima do alinhamento, O famigerado quebra corações, a escolhida para lançar agora como single e videoclipe, que estará nas plataformas digitais a partir de 2 de Julho e que aqui se estreia. Homenagem a Carlos Tê, conta a história de uma personagem, inventada por Garcia, num “feliz reencontro com um dos lados do seu ego, como Fernando Pessoa se (re)encontrava com os seus heterónimos”. Daí que o videoclipe, realizado por Ana Ladislau e Joanna Correia com o actor Mauro Hermínio, recorra a uma citação gráfica do primeiro dos retratos a óleo que Almada Negreiros fez de Fernando Pessoa (o de 1954, pintado para o restaurante Irmãos Unidos, e que hoje está na Casa Fernando Pessoa). A escolha, diz Garcia, fez-se pelo tema, mas também pela música: “Achámos que este era o single mais mexido, e divertido, porque se centra numa personagem inventada, mas na qual eu também me revejo. Uma personagem que tem ritmo, tem verve de poeta e gosta de provocar emoções. É um bom tema para ser lançado no Verão.”