Inglaterra elimina Alemanha e segue para os “quartos”

Golos de Sterling e Kane deram o triunfo aos britânicos, em Wembley, sobre a “Mannschaft”.

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Kane marcou o segundo golo da Inglaterra Reuters/CATHERINE IVILL

Há sempre um optimismo desmesurado a envolver a selecção inglesa em cada grande torneio em que participa, acompanhado do lema “O futebol regressa a casa”, mas essas campanhas, com excepção do Mundial de 1966, têm acabado em diferentes graus de frustração. Essa frustração ainda não se instalou neste Euro 2020 e por boas razões. A selecção dos três leões abateu um dos seus “velhos inimigos”, a Alemanha, com uma vitória por 2-0, em Wembley, que lhe garante um lugar nos quartos-de-final. Os ingleses terão agora de sair temporariamente de Londres – onde fizeram os seus quatro jogos – e seguir para Roma, mas com a esperança de regressarem à capital e continuarem na luta pela conquista de um título inédito.

Sem o drama dos penáltis falhados (e Gareth Southgate, o seleccionador, sabe bem o que isso é, na primeira pessoa), sem golos em catadupa para os dois lados e tempo extra para o espectáculo (como acontecera nos jogos do dia anterior), a Inglaterra foi, acima de tudo, uma selecção de uma solidez a toda a prova. Uma verdadeira unidade competitiva, de Pickford (grande exibição) a Kane (apareceu nos momentos certos), e todos os restantes ingleses que pisaram o relvado de Wembley e partilharam a vitória final com os seus compatriotas enlouquecidos de alegria.

E também uma palavra para a Alemanha, que chega ao fim de uma era com esta eliminação nos oitavos-de-final, depois de três Europeus consecutivos em que chegou, pelo menos, às “meias”. Foi o último jogo de Joachim Löw na “Mannschaft” (Hansi Flick vai ocupar o lugar), ele que foi o treinador campeão mundial em 2014, mas que nunca conseguiu recuperar a aura desse título. Nem neste Euro 2020, onde alternou bons momentos (Portugal) com momentos de aflição (Hungria) e de impotência (França e Inglaterra). E assim caiu a selecção que ainda restava daquele que recebeu o nome de “grupo da morte”. Nada mais apropriado. “Morreram” todos.

Esperava-se um jogo equilibrado e foi o que aconteceu. Melhor a Alemanha nos primeiros momentos, mas sem conseguir entrar pelas alas. Foi mais pelo meio que conseguiu criar perigo e, logo aos 8’, Goretzka esteve perto do golo, lançado pelo seu colega no Bayern Müller, apenas para ser travado por Rice à entrada da área. A Inglaterra equilibrou pouco depois nas oportunidades, com um belo remate de Sterling, aos 16’, e uma bela defesa de Neuer a acompanhar.

A primeira parte prosseguiu com esta troca de oportunidades. Harry Maguire tem um cabeceamento perigoso, aos 27’, Kimmich consegue fazer um cruzamento que falha por pouco a cabeça de Goretzka, aos 32’. No mesmo minuto, é Pickford a sair-se bem num duelo à queima-roupa com Werner e, a fechar a primeira parte, é Hummels a desarmar Harry Kane na pequena área.

Zero golos ao fim de 45 minutos, mas muita emoção e equilíbrio que passaram para a segunda parte. Mas com a Inglaterra segura e a Alemanha cada vez mais frustrada por o seu plano não estar a funcionar – Gosens, que tinha sido um dínamo contra Portugal, quase nem apareceu. Havertz ainda teve um belo remate de média distância, aos 48’, que Pickford desviou para canto, mas as oportunidades quase secaram porque nenhum dos lados queria arriscar.

No meio do equilíbrio, a Inglaterra teve mais uma vez em acção o seu desequilibrador de serviço neste Euro 2020. Aos 75’, Raheem Sterling fez o 1-0, a concluir uma jogada que ele próprio começou e que ainda passou por Harry Kane, Jack Grealish e Luke Shaw, o autor do cruzamento. Foi o terceiro golo do avançado do Manchester City no torneio, ele que já tinha sido decisivo nos dois triunfos por 1-0 na fase de grupos.

Logo a seguir, aos 81’, Thomas Müller teve a oportunidade de empatar, após passe em profundidade de Havertz, mas o remate do avançado do Bayern saiu ao lado. E, depois do falhanço de Müller, a Inglaterra fez o 2-0 em mais uma grande amostra de futebol colectivo. Num contra-ataque conduzido por Shaw, foi Grealish a fazer o cruzamento a meia altura e Harry Kane inclinou-se para chegar à bola com a cabeça e bater Neuer pela segunda vez, naquele que foi o seu primeiro golo neste Euro 2020.

Quando o árbitro apitou para o final, foi uma festa inglesa que juntou na mesma euforia os mais anónimos e os mais famosos que estavam nas parcialmente preenchidas bancadas de Wembley – David Beckham e o seu parceiro de bancada Ed Sheeran, e o Príncipe William foram alguns do focados pelas câmaras de televisão. No relvado, festejavam os protagonistas da vitória sobre um rival histórico e maldito de muitas outras campanhas.

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