Francisco Mendes da Silva deixa o CDS

Advogado diz sentir que deixou “de ser útil no – e ao – CDS”.

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Francisco Mendes da Silva Nelson Garrido

O advogado e comentador político Francisco Mendes da Silva, que é colunista do PÚBLICO, deixou o CDS e renunciou ao mandato de membro da Assembleia Municipal de Viseu por já não se rever no partido. Francisco Mendes da Silva era um dos rostos da oposição à actual direcção de Francisco Rodrigues dos Santos. 

“Saio por falta de predisposição para o envolvimento partidário activo, nesta fase da minha vida, e por progressiva convicção de que o CDS deixou de querer ser um instrumento relevante e autónomo, dinâmico e moderno – e o mais representativo possível – dos princípios políticos que defendo, escreve no Facebook.

Mendes Silva explica ainda que a sua saída não se deve ao facto de ter “deixado de acreditar no que há muito acredita. Saio porque, acreditando no que acredito, sinto que deixei de ser útil no – e ao – CDS”, acrescenta, numa mensagem dirigida, em primeiro lugar, os viseenses.

“Devo aos viseenses a informação de que renunciei ao mandato de membro da Assembleia Municipal de Viseu. Fi-lo porque, em momento anterior, solicitei a minha desfiliação do CDS-PP, partido em cujas listas me candidatei ao referido mandato”, começa por assumir.

“Permaneço politicamente desperto, interessado em perceber as mudanças do mundo à minha volta e em compreender de que modo os meus valores e princípios poderão enquadrar e responder a essas mudanças. Continuarei a pensar as ideias políticas em voz alta, sujeitando-as ao teste, impiedoso mas estimulante, do debate livre e democrático. Vamos falando”, escreve ainda.

O advogado afirma também que “a decisão foi difícil”, lembrando que aderiu ao CDS em 1995, primeiro através da Juventude Popular “quando tinha 15 anos”. “Guardo muitas memórias felizes e vou ter saudades dos meus tempos de empenho político no CDS”.

Foi pela mão de Paulo Portas que, em 2015, Mendes da Silva entrou nas listas de deputados para a Assembleia da República, mas só esteve no lugar durante pouco mais de um mês enquanto durou o Governo PSD/CDS, que foi derrubado pela maioria de esquerda. No Parlamento, durante esse período, defendeu a adopção por pessoas do mesmo sexo e essa posição ficou escrita numa declaração de voto relativa a um debate sobre o tema.

Natural de Viseu, o fiscalista fez parte da comissão política nacional de Assunção Cristas e foi um dos seus conselheiros. Após a saída da ex-líder do CDS, Francisco Mendes da Silva apoiou João Almeida, que perdeu para Francisco Rodrigues dos Santos no congresso de Janeiro de 2020.

Mendes da Silva sucedeu a Hélder Amaral na liderança da distrital de Viseu, em Dezembro de 2019, mas demitiu-se quase um ano depois, alegando não ter condições políticas para continuar após a demissão de vários elementos da direcção.

Na última crise de liderança no CDS, em Fevereiro deste ano, o ex-dirigente apoiou o desafio para um congresso extraordinário lançado por Adolfo Mesquita Nunes de quem é próximo. Essa iniciativa falhou, mantendo-se a direcção de Rodrigues dos Santos. 

A saída do ex-dirigente acontece a meses de um novo congresso, após as eleições autárquicas, em que será eleito o líder do partido. 

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