Lisboa não se confunde com o país. Marcelo rejeita alarmismo e pede coerência no discurso

Presidente da República diz que a situação pandémica em Lisboa não condiciona a imagem do país, que vive uma realidade completamente diferente do que aquela no pico da pandemia.

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LUSA/TIAGO PETINGA

Nem fundamentalista sanitário, nem o fundamentalista da abertura apressado. Quando o assunto é desconfinamento, o Presidente da República prefere um “equilíbrio sensato”, pede coerência no discurso sobre a covid-19, e rejeita que os números da pandemia em Lisboa, possam condicionar a imagem exterior do país.

Não podemos, disse Marcelo Rebelo de Sousa no Funchal, confundir situações municipais com o todo nacional, mesmo porque a situação actual é totalmente diferente do que anterior.

“Estamos a seguir a um bom ritmo a vacinação, superior às expectativas. O que é facto é que não aumentou o número de mortos, o que é facto é que não aumentou o número de cuidados intensivos, o que é facto é que não aumentou o número de internados”, argumentou aos jornalistas, antes da entrada para um almoço com autarcas da Madeira, onde estão a decorrer as comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

“Não podemos encarar esta situação, como quando não tínhamos tanta gente vacinada, quando tínhamos 300 e tal mortos por dia, quando tínhamos milhares de internados e 900 pessoas nos cuidados intensivos”, acrescentou, sublinhando: “também não podemos dizer que vale tudo”.

O importante, continuou Marcelo é, quem compete falar sobre esta matéria evitar “guinadas”, senão o povo não vai seguir ninguém. “Ordem e contra-ordem, dá desordem. Portanto, tem de haver um grande equilíbrio senão as pessoas descolam e vazem aquilo que lhes passa pela cabeça e desconfinam de acordo com a sua livre vontade”, avisou, dizendo que o discurso sobre as regras de desconfinamento deve corresponder à realidade do país. O contrário, não vai chegar às pessoas, principalmente às mais jovens.

O Chefe de Estado mostrou-se, por outro lado, satisfeito com a aprovação pelo Parlamento Europeu da adopção de um certificado digital covid-19. Portugal, disse, é um dos países com maior taxa de vacinação, com 20% da população vacinada com as duas tomas. “É muito boa notícia”, começou por dizer. Agora, continuou, é preciso fazer o trabalho que falta: aplicar o certificado digital ao maior número de países. “Só vale a pena se houver muitos europeus de muitos países a circularem”, considerou no primeiro dia das comemorações do 10 de Junho.

Marcelo, está na Madeira desde segunda-feira à noite, mas o programa oficial do Dia de Portugal arrancou esta quarta-feira. Primeiro com o hastear da bandeira no Largo do Município, continuando depois com uma visita ao Regimento de Guarnição Nº3, onde o Presidente da República participou numa iniciativa do Exército, ‘Alista-te por um dia’, que juntou meia centena de crianças de uma escola básica da zona. “Este regimento tem um mérito excepcional”, disse Marcelo no final.

As comemorações continuam durante a tarde, com um lançamento do livro ‘A Autonomia da Madeira’, de Manuel Pestana dos Reis, no parlamento madeirense, e uma recepção na Quinta Vigia, sede da Presidência do Governo Regional, que vai contar com a presença do Primeiro-ministro António Costa, que chegou ao Funchal ao início da tarde. Uma oportunidade para Marcelo fazer pontes entre a República e o governo madeirense, num relacionamento que tem sido tenso, mas que o Chefe de Estado diz ser “natural” entre as regiões autónomas e a República.

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