Frente a Israel, nenhum português vai a exame sozinho

Para o duelo particular frente aos israelitas, Portugal e Fernando Santos vão poder trabalhar aquela que é, porventura, a vertente mais frágil do jogo português: desmontar defesas densas. Na estreia no Euro, frente à Hungria, espera-se um jogo semelhante.

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Jogadores portugueses treinam em Oeiras LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

Portugal defronta Israel nesta quarta-feira (19h45, RTP), num jogo particular de preparação para o Euro 2020. Nos últimos dias foi dito que este jogo poderia servir para “medir o pulso” a possíveis titulares no jogo de estreia no Europeu (dia 14, frente à Hungria) e também para testar a equipa frente a um adversário que joga num sistema de três centrais – como a Alemanha e a própria Hungria.

Fernando Santos, seleccionador nacional, recusou ambos os cenários. Ninguém vai a exame sozinho – quem vai é a equipa. “O que há a melhorar são os processos de jogo. Estes são jogos para evolução e não haverá nenhum exame a nenhum jogador. Não é por jogarem bem ou mal nestes jogos particulares que podem ou não defrontar a Hungria na estreia no Euro. O ‘onze’ para a Hungria será certamente uma mistura dos “onzes” que defrontaram Espanha e Israel”, apontou o técnico, na antevisão da partida.

E acrescentou: “A única semelhança entre Israel, Alemanha e Hungria talvez seja apenas o sistema de três centrais. De resto, não têm nada a ver. Israel nunca será um teste para a Alemanha”. 

A intenção do seleccionador parece ser clara: retirar dos jogadores a pressão de terem de ganhar um lugar no “onze” para a Hungria, dando espaço ao erro e, sobretudo, à evolução. 

Este teste parece ter, ainda assim, características teoricamente pouco abonatórias em matéria de confiança. Vencendo por pouco, empatando ou perdendo frente a Israel (85.ª do ranking FIFA), Portugal terá, por certo, dedos em riste. Só um triunfo convincente, nos números e no desempenho, merecerá o elogio global. Na confiança, há muito a perder e pouco a ganhar.

Fernando Santos parece estar, ainda assim, pouco preocupado com os resultados pré-Euro, já que o importante é o ganho exibicional, mais do que a confiança.

“Aos portugueses pode colocar-se essa dúvida, mas a mim não. Não queremos perder, essa palavra não entra nesse vocabulário. Se perdêssemos ficaríamos chateados, mas não vamos perder. Antes do Euro 2016 perdemos com a Bulgária, disseram que não íamos ao Europeu fazer nada e fomos campeões. Estou com a mesma convicção. Disse, em 2016, que Portugal era candidato a vencer o Euro e volto a dizer, agora, que Portugal é candidato a vencer também este Euro 2020”. 

Israel como a Hungria

Para o duelo de Alvalade, Fernando Santos vai poder trabalhar aquela que é, porventura, a vertente mais frágil do jogo português: o ataque posicional.

Portugal está confortável em bloco baixo – diz-se até que é difícil a qualquer equipa do mundo vencer os portugueses –, mas é uma equipa nem sempre capaz quando tem de enfrentar defensivas densas.

Nesse sentido, poderá haver um 4x4x2 mais ofensivo, sobretudo pela presença de um verdadeiro 9 ao lado de Ronaldo – André Silva, um dos melhores goleadores da Europa, deve ser chamado ao serviço frente aos israelitas.

Se o jogo frente à Espanha poderia ser, em tese, um teste para as partidas com França e Alemanha, este jogo frente a Israel tem contornos de teste para o jogo inaugural do Euro, frente à Hungria.

Portugal deverá ter vários minutos de domínio e ocupar de forma massiva o meio-campo adversário. É também isso que se pedirá em Budapeste, a 14 de Junho, quando Portugal defrontar a Hungria. Num grupo com França e Alemanha, um tropeção frente ao “peixe miúdo” do grupo poderá ser decisivo, pela negativa, frente aos “peixes graúdos”.

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