A espreitar por entre os momentos vagos dos dias como lembrete para o término que se anuncia, as rectas finais do ensino secundário e da licenciatura podem ser caminhos em direcção à ansiedade para alguns alunos. Uns já saberão o que fazer à sua vida no final de cada etapa; outros, debatem-se com dúvidas. E não há nada de errado com isso: por vezes, quem termina um ciclo de ensino pode ainda ser (ou sentir-se) “muito novo para decidir” o que fazer à sua vida, como diz Munique Martins, responsável pelo campus de Lisboa da escola de tecnologia Ironhack. Ao P3, deixa algumas dicas para saberes o que fazer após terminares o ensino secundário ou a licenciatura. Ou, pelo menos, para teres algumas ideias.

Se, depois do 12.º, tiveres interesse em ingressar na universidade, é importante saberes ao que vais. Claro que há quem já saiba o que quer estudar e fazer da vida desde pequeno, mas não há nada de errado em estar-se indeciso entre dois ou mais cursos. Por isso, o melhor é “conversar com pessoas que tiraram cursos que te interessam” para teres uma visão realista do que te poderá esperar. Para isso, podes falar com alguém que já conheças e que esteja num curso que pensas gostar; também vale “descobrir” pessoas nas redes sociais, como o LinkedIn, que tenham passado pelo curso (e até universidade) desejado. Isto também vale para quem já sabe o que quer — ou para quem, depois da licenciatura, está reticente em relação a um mestrado. “Às vezes temos a ideia utópica de que o curso nos vai ensinar tudo e no mercado de trabalho não é bem assim”, lembra Munique.

Se tiveres essa possibilidade, também podes procurar aconselhamento junto de um psicólogo, já que há imensos “especializados em questões de carreira”. E não te esqueças de que, depois do 12.º ano, podes continuar a estudar sem seguir para o ensino superior: os CET (Cursos de Especialização Tecnológica) são formações pós-secundárias que conferem o nível 5 do Quadro Nacional de Qualificações.

Para Munique Martins, trabalhar é “uma das melhores opções” a tomar depois de se arrumarem os livros do secundário e as sebentas da universidade. “Só quando estamos no mercado de trabalho é que sabemos em que somos bons e as nossas skills”, considera. “Principalmente nos primeiros empregos”, mesmo que seja num campo bastante diferente do que queres seguir. Em trabalhos nas áreas da restauração ou do comércio, aprende-se a “lidar com pessoas” e com “os processos do dia-a-dia num trabalho”, “resolver problemas” e, sobretudo, “a manter a calma”.

Para quem já tenha passado três anos (ou mais) a tirar uma licenciatura, Munique crê que o melhor será “encontrar um estágio”, apesar de nem todos o conseguirem — e de muitos não serem remunerados. Por outro lado, se houver possibilidade, “antes de pensar num mestrado”, por que não explorar alguns cursos técnicos que consolidem o que foste aprendendo na licenciatura? Até podem ser uma ajuda para o mestrado — e, espera-se, para o mercado de trabalho. Opções não faltam, mesmo online.

Um ano sabático não tem de ser preenchido por uma viagem à volta do globo — até porque, por estes dias, esse é um exercício algo complicado de se fazer. Munique Martins nota que esses meses podem ser ocupados com formações ou trabalho, mas também por uma experiência de voluntariado. Assim, podes “aprender muito” e viajar, caso sigas para o estrangeiro. No portal do Corpo Europeu de Solidariedade há várias oportunidades em diversos pontos do continente; para além disso, podes filtrar a tua pesquisa para encontrares programas de voluntariado mais ou menos longos e que incidam sobre uma ou mais áreas que sejam mais do teu interesse.