O mundo rendido a um Phil Mickelson inspirador

Muito perto de fazer de 51 anos vence PGA Championship e torna-se o mais velho campeão no Grand Slam do golfe

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Phil Mickelson ergueu pela segunda vez o Troféu Wanamaker para o vencedor do PGA Championship © PGA Tour

O californiano Phil Mickelson venceu o PGA Championship com 50 anos (faz 51 a 16 de Junho) e tornou-se assim o mais velho a conquistar um dos quatro majors do golfe, suplantando neste capítulo o seu compatriota Julius Boros, que vencera a mesma prova em 1968 aos 48 anos. 

No palco do Ocean Course do Kiawah Island Golf Resort, na Carolina do Sul (EUA), Mickelson tornou-se também o oitavo jogador a vencer no PGA Tour depois de fazer 50 anos e o primeiro desde Davis Love III no Wyndham Championship de 2015.

E passou a ser o 14.º jogador a somar seis vitórias ou mais em provas do Grand Slam do golfe, igualando Lee Trevino e Nick Faldo.

Este foi o seu primeiro major tendo o seu irmão Tim como caddie, sendo importante sabê-lo para compreender o longo abraço entre ambos no momento em que o jogador selou a vitória. Os anteriores cinco tinham sido com Jim “Bones” Mackay no saco. 

O facto de Mickelson ter jogado na parelha de honra com Brooks Koepka só veio abrilhantar o seu sucesso. Koepka tem sido o mais forte jogador dos últimos anos no Grand Slam, com vitórias sucessivas no Open dos EUA (2017 e 2018) e no PGA Championship (2018 e 2019). Em Kiawah ainda jogou com as cautelas de quem foi operado ao joelho direito em Março, mas mesmo limitado ele é uma força da natureza e naturalmente intimidador. 

Ora, a última volta no Par 72 do Ocean Course começou com Mickelson a liderar com 209 pancadas, 7 abaixo do par, e com Koepka em segundo com 210 (-6). Num campo extremamente difícil, junto ao oceano Atlântico, com vento, as peripécias e reviravoltas foram muitas, mas o certo é que Mickelson, apesar de ter perdido o comando para o seu rival logo no primeiro buraco, protagonizou uma exibição dominadora e a dada altura chegou a ter uma vantagem de seis pancadas sobre a concorrência directa.   

Com 73 a fechar, Mickelson finalizou com a sua primeira volta do torneio acima do Par (70-69-70 nos três primeiros dias), mas Koepka, com 74, fez pior. O sul-africano Louis Oosthuizen, vencedor do British Open de 2010 em St. Andrews, marcou 68 para acrescentar mais um vice-campeonato em majors à sua lista, partilhando o segundo lugar com Koepka, ambos com 284 (-4). Mickelson somou 282 (-6) vencendo assim com dois shots à melhor sobre aqueles. Sucede ao jovem Colin Morikawa (que terminou nos 8.ºs) na lista dos campeões do PGA Championship.

O top-5 ficou completo com quatro jogadores no quarto lugar com 286 (-2), entre eles dois irlandeses ex-campeões do Portugal Masters, Shane Lowry (2012) e Padraig Harrington (2016), de 49 anos, sendo este veterano o actual capitão da Europa na Ryder Cup. Harrington venceu o PGA Championship em 2007 e o British Open em 2007 e 2008. Os outros quartos classificados foram o inglês Paul Casey e o norte-americano Harry Higgs. 

“Falando realisticamente, é muito possível que este seja o último torneio que eu ganhe”, disse “Lefty” (alcunha de Mickelson que lhe advém de ser canhoto). “Mas também é muito possível que a minha capacidade de concentração tenha avançado e eu possa continuar mais um pouco. Mas a questão é que não há razão para que eu ou qualquer outra pessoa não possamos fazer isto mais tarde. Só dá um pouco mais de trabalho.” 

Foi um êxito surpreendente dado que ele não se destacava em provas do Grand Slam desde aquele grande duelo perdido para o sueco Henrik Stenson no British Open de 2016 em Royal Troon. 

Mais, após a sua última vitória no PGA Tour, que remontava ao AT&T Pebble Beach Pro-Am em Janeiro de 2019, pouco mais tinha sido visto em posições classificativas cimeiras. No entanto, dera um sinal premonitório a 6 de Maio, ao liderar o Wells Fargo Championship em Charlotte, Carolina do Norte, na sequência de uma primeira volta fabulosa de 64 (-7); mas a esta seguiram-se resultados de 75-75-76 e a 69.ª posição final. Assim, ocupava a 115.º posição no ranking mundial à partida para o PGA Championship. 

Mas o Wells Fargo Championship acabaria por ser último torneio que jogaria antes de obter este domingo o seu sexto título em majors e o primeiro desde o do British Open de 2013 em Muirfield (Escócia). Já tinha vencido uma vez este mesmo PGA Championship, em 2005, em Baltusrol. E conquistara o Masters em Augusta National em três ocasiões – 2006, 2008 e 2010. 

O êxito no PGA Championship permitiu-lhe subir para 32.º no ranking mundial e ofereceu-lhe um prémio de 2,16 milhões de dólares. Na FedEx Cup, subiu de 168.º para 45.º. 

E já lá vão 45 vitórias no PGA Tour, desde a primeira conquistada em 1991, quando ainda era amador (proeza que mais nenhum conseguiu entretanto), no Northern Telecom Open, em Tucson, Arizona. Entre os que ainda estão em actividade, pode estar longe das 82 de Tiger Woods, o mais prolífico campeão de sempre no circuito (no que está empatado com Sam Snead), mas está muito à frente do que se lhe segue em terceiro na lista, que é o actual n.º 1 mundial Dustin Johnson, com 24 vitórias. 

Mickelson reforça a sua lenda e prova que a mesma só é superada pelo também californiano Tiger Woods, hoje com 45 anos. Foram as duas grandes figuras do golfe mundial nos últimos 30 anos. A forma como o público no local reagiu ao seu triunfo, engolindo autenticamente o jogador num entusiasmo frenético em turba, pareceu tirado do momento em que Tiger Woods venceu em Novembro de 2018 o Tour Championship assinalando o seu regresso às vitórias após um jejum de cinco anos, ou o seu quinto Masters em Abril de 2019, no primeiro major que conquistou desde o Open dos EUA de 2008 em Torrey Pines. Tiger soma 15 majors no palmarés e só Jack Nicklaus fez melhor (18). 

A Mickelson só falta ganhar um Open dos EUA para se juntar à restrita lista dos jogadores que conquistaram o Grand Slam de carreira, ou seja, àqueles que venceram cada um dos quatro majors modernos, composta por Jack Nicklaus, Tiger Woods, Gary Player, Ben Hogan e Gene Sarazen. Já foi seis vezes segundo classificado, mas nunca venceu o Open nacional do seu país. 

O próximo Open dos EUA joga-se já de 17 a 20 de Junho, na cidade natal de Mickelson, San Diego, no Torrey Pines Golf Club, e para estar aqui o conterrâneo tinha recebido um convite especial da USGA (United States Golf Association). Com a vitória no PGA Championship, acabou por não precisar dele, entra por mérito próprio, e passou a ter também entrada para os quatro anos seguintes 

Antes, já esta semana, a partir de quinta-feira, Mickelson volta a competir, no Charl Schwab Challenge, no Colonial Country Club, em Fort Worth, Texas. Depois descansa duas semanas até ao Open dos EUA. 

“É uma sensação incrível”, reconheceu Phil Mickelson após a vitória em Kiawah, “porque eu simplesmente acreditava que era possível, mas, mesmo assim, tudo apontava para que não era. Espero que outros encontrem essa inspiração. Pode exigir um pouco de trabalho-extra, um esforço um pouco mais árduo para manter a forma física e as capacidade técnicas, mas, Deus, valeu a pena no fim de tudo. Estou muito grato por poder segurar este Troféu Wanamaker.” 

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