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Covid-19 obriga strippers norte-americanas a ginástica financeira
“Desolada.” Assim ficou Brittney, stripper de 26 anos, quando em Abril deste ano – pouco mais de um ano após o início da pandemia – entrou no seu local de trabalho, o Gold Club, em São Francisco, nos EUA. No interior, as bailarinas tinham as máscaras colocadas e dançavam perante meia dúzia de clientes. Durante o seu turno de quatro horas, Brittney fez 150 dólares, menos de um terço do que costumava ganhar antes da pandemia.
Nos Estados Unidos, os clubes de strip começam, lentamente, a abrir portas – mas a indústria sofreu transformações profundas desde Março de 2020. De acordo com dados recolhidos pela agência Reuters junto da IBISWorld, o lucro gerado pelas 3.821 casas de alterne norte-americanas decresceu, em 2020, 17,4%; estima-se que, em 2021, a quebra se aprofunde mais de 1,5%.
Em São Francisco, nem todos os clubes podem abrir portas – só aqueles que também servem refeições. No interior de cada estabelecimento, staff e clientela são obrigados por lei a usar máscara de protecção, o toque é absolutamente proibido e as sessões privadas nas salas VIP estão suspensas – o que significa que a maioria das profissionais do sector fica sem uma porção significativa do seu rendimento.
As medidas de protecção anti-covid-19 são mais exigentes nesta cidade, motivo por que muitas strippers optam por mudar-se para Florida e Texas, onde a lei é mais branda. As que permanecem na Califórnia vêem-se a braços com problemas financeiros. Brittney é um exemplo. A bailarina considera deixar de trabalhar em São Francisco e, em alternativa, trocar o seu trabalho diário por viagens esporádicas a Las Vegas, onde sabe ser capaz de realizar mais dinheiro.
A bailarina April Haze costumava ganhar, em média, 700 dólares numa noite de trabalho, no Cheetah’s Gentlemen Club, na Califórnia. Quando a pandemia se instalou e o clube encerrou, April começou a trabalhar online, partilhando conteúdos no site OnlyFans. Durante um mês, ganhou apenas 400 dólares. Savannah Rain, por sua vez, adoptou vários sugar daddies e fez sessões de striptease online; ainda assim, a stripper de 23 anos esgotou todas as suas poupanças para conseguir sobreviver durante o ano da pandemia. Está ansiosa pela reabertura dos clubes, o lugar onde, diz à Reuters, pode “exprimir a sua feminilidade e sexualidade de forma segura”.