Covid-19: Portugal soma 5665 suspeitas de reacções adversas à vacina

Reacções adversas em cerca de 0,1% das doses administradas. O Infarmed desdramatiza. São reacções observadas em “qualquer processo de vacinação” e “não têm necessariamente uma relação causal com a vacina administrada”.

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Ricardo Lopes

Até agora, registaram-se 5665 suspeitas de reacções adversas à vacina contra a covid-19, incluindo 35 mortes de idosos que sofriam de várias doenças, mas não está demonstrada qualquer relação de causa e efeito. Queixam-se mais as pessoas em idade activa, sobretudo as mulheres.

Estes dados são o acumulado desde início do ano até 13 de Maio. Constam do último relatório da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed). Num total de 4.655.370 doses administradas, assentou 2418 reacções graves e 3212 não graves.

As reacções graves incluem as notificações de morte, incapacidade temporária ou permanente, anomalias congénitas, internamento ou o seu prolongamento. Contaram-se 35 notificações de morte em idosos. “Estes casos ocorreram maioritariamente em idosos que apresentam condições de saúde mais frágeis (alguns com diversas comorbilidades)”, lê-se no relatório. 

O top é liderado pelas dores musculares ou articulares (2620), as cefaleias (1717), a febre (1566), a astenia/fraqueza/fadiga (965). Alinham-se depois as náuseas (672), os tremores (587), a linfadenopatia (512), a eritema/eczema/rash (406) e a parestesias (400), isto é, a sensação de formigueiro ou picadas. Reacções que, na sua vasta maioria, “são observadas em geral em qualquer processo de vacinação”.

Ao que se pode ver nos quadros apresentados, quem está em idade activa queixa-se mais. Entre os jovens de 20-29 já é significativa (288 graves e 470 não graves). Dispara na faixa etária dos 30-39 (543 graves e 773 não graves). Continua elevada nos 40-49 (555 graves e 721 não graves) e nos dos 50-59 (393 graves e 517 não graves). Baixa consideravelmente nas faixas dos 70-79 (81 graves e 130 não graves), dos 80-89 (140 graves e 81 não graves) e dos maiores de 90 (51 graves e 27 não graves). A isto não será alheio o facto de os sub 60 já vacinados serem pessoas com doenças graves ou profissionais que se encontram na linha da frente, eventualmente mais atentos e disponíveis para notificar reacções.

O relatório põe a nu a grande diferença de género. As mulheres notificam muito mais (1776 graves e 2215 não graves) do que os homens (434 graves e 676 não graves). O mesmo tem acontecido noutros países. Especialistas em saúde têm dito que esse pode ser o resultado de diferenças biológicas – quando tomam uma vacina, as mulheres tendem a produzir mais anticorpos, pelo que não será de estranhar que relatem mais efeitos colaterais. E que as diferenças culturais também importam – os homens tendem a reportar menos.

Advertindo que “os sistemas de notificação espontânea de reacções adversas não permitem a comparação dos perfis de segurança das vacinas entre si”, já que “são afectados por diversos vieses metodológicos”, o Infarmed nota que a maior parte (72,9%) das reacções adversas ocorreram com a Pfizer/BioNtech, com 4129 casos. Seguiram-se a AstraZeneca (Vaxzevria), com 1234, e a a Moderna, com 302. Por cada 1000 doses administradas, foram comunicadas 1,34 reacções em pessoas que tomaram a Pfizer, 1,05 a AstraZeneca (Vaxzevria), 0,66 a Moderna e 0,05 a Janssen. O Infarmed repete que estas reacções “não têm necessariamente uma relação causal com a vacina administrada”.

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