Do chão comum chamado Europa...

Uma cidade que se propõe a ser Capital Europeia da Cultura é uma cidade que se levanta do chão e arrasta consigo um território amplo e diverso, que tem o seu casco histórico bem firme, como nos referiu Cláudio Torres, para construir futuro.

Em geral, é em criança e através da experimentação que o indivíduo começa a questionar e a construir ativamente o conhecimento acerca de si próprio e do que o rodeia. Com essa prática, iniciamos o nosso próprio caminho de engajamento com o mundo, sendo que a Cultura e a Ciência têm um papel inequívoco na construção do indivíduo, pois os seus códigos de conduta e de ação assentam no exercício simultâneo de distanciamento e de questionamento, ainda que as respostas sejam, muitas das vezes, provisórias, em desenvolvimento.

No ano em que, pelo menos, 11 cidades portuguesas já manifestaram a intenção de se proporem a ser Capital Europeia da Cultura em 2027 entendemos que este pode ser, acima de tudo, um projeto assente no lugar do conhecimento, de onde se questiona e se pensa uma cidade, uma Europa no futuro. Em 2027, Portugal encontrará, de novo, o lugar de extraordinária relevância de poder voltar a ser foco no mundo e para isso, a cidade eleita ao título tem o dever de, com os seus cidadãos, criar pertinência dentro da Europa.

No passado dia 9 de maio, o Dia da Europa foi assinalado, em Évora, com um encontro intitulado Europa Imaginada. Uma conversa sobre Beleza, Humanidade, Sustentabilidade e Ciência. A iniciativa, que ainda se encontra disponível para visualização nas plataformas online de Évora 2027, juntou seis personalidades portuguesas, de áreas distintas — Cláudio Torres (arqueologia), Elvira Fortunato (ciência/engenharia), José Manuel Rodrigues (fotografia), Maria Manuel Mota (ciência/ biomedicina), Miguel Bastos Araújo (ciência/ biodiversidade) e Tiago Rodrigues —, numa reflexão sobre o novo desígnio europeu, e a forma como a Cultura e a Ciência podem contribuir para moldar esse movimento que nos implica a todos enquanto cidadãos de um espaço comum chamado Europa.

Volto a esta conversa para resgatar algumas ideias e caminhos relevantes, sobretudo, quando é sabido que, na fase jovem/adulta, muitos portugueses tendem a desligar-se dos processos de decisão da sociedade, independentemente da sua escala, e disso é exemplo a taxa de participação nas últimas eleições europeias que se realizaram em 2019. Questiono-me o que terá acontecido, entretanto, aos “porquês” de criança, motores de conhecimento e de engajamento? O que provoca este alheamento generalizado do que nos rodeia ao longo da vida ou mesmo do território a que pertencemos?

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