Navio iraniano suspeito de ser usado como base militar atacado no mar Vermelho

Irão diz que o navio de carga integra os esforços no combate à pirataria numa via estratégica para o comércio marítimo mundial. Explosão coincidiu com as negociações sobre o programa nuclear do país.

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Riad desconfia da presença do navio na região, temendo que sirva de apoio aos houthis YAHYA ARHAB/EPA

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão confirmou esta quarta-feira que o navio Saviz foi alvo de um ataque no mar Vermelho – na véspera, o Governo recusara comentar notícias sobre o ataque. A primeira confirmação chegou pouco antes, através da televisão estatal: o jornalista referiu um texto do jornal The New York Times que cita um responsável dando conta de que Israel avisou os Estados Unidos sobre o ataque na terça-feira de manhã.

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O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão confirmou esta quarta-feira que o navio Saviz foi alvo de um ataque no mar Vermelho – na véspera, o Governo recusara comentar notícias sobre o ataque. A primeira confirmação chegou pouco antes, através da televisão estatal: o jornalista referiu um texto do jornal The New York Times que cita um responsável dando conta de que Israel avisou os Estados Unidos sobre o ataque na terça-feira de manhã.

A agência de notícias oficial Tasnim, considerada próxima dos Guardas da Revolução, também já descreveu o ataque como tendo sido causado pelo rebentamento de explosivos colocados no casco do navio de carga.

O ataque coincidiu com o arranque das negociações sobre o programa nuclear iraniano em Genebra, um primeiro passo para relançar o acordo internacional abandonado por Donald Trump e que o Irão deixou entretanto de cumprir. Teerão e Washington consideraram o início das conversações – indirectas, através da mediação europeia – “construtivas”.

“A explosão ocorreu na terça-feira, perto da costa de Djibuti e causou danos menores sem vítimas. Trata-se de um navio civil estacionado ali para garantir a segurança da região contra os piratas”, afirmou o porta-voz do ministério iraniano, Saeed Khatibzadeh.

O ataque misterioso ao navio é o último de uma série de ataques a navios do Irão e de Israel desde Fevereiro, com os dois países a trocaram acusações.

Teerão já garantira que o Saviz participa nos esforços antipirataria no estreito de Bab el-Mandab, uma via estratégica que liga o golfo de Áden ao mar Vermelho e por onde passa uma grande parte de todo o comércio marítimo mundial. Mas a prolongada presença do navio na zona tem sido muito criticada pela Arábia Saudita, que acusa os iranianos de fornecerem armas aos rebeldes houthis iemenitas – Riad lidera uma intervenção militar no Iémen e combate precisamente os houthis.

O Saviz, propriedade das Linhas de Transporte da República Islâmica do Irão, chegou ao mar Vermelho em 2016 e tem navegado entre as ilhas ao largo da Eritreia. Pensa-se que será reabastecido por navios iranianos que passem na zona.

Documentos obtidos pela Associated Press mostram homens de farda militar a bordo, assim como uma série de antenas que os sauditas dizem ser pouco comuns para um navio de carga comercial. Outras imagens permitem ver que o navio tem suportes para metralhadoras, recorda o jornal The Guardian, notando as suspeitas de que possa funcionar como base dos Guardas da Revolução, a poderoso força paramilitar iraniana.