Cartas ao director

Devemos desconfiar da eficácia das vacinas?

Num estudo levado a cabo nos Estados Unidos em que participaram 2.260 adolescentes – idades compreendidas entre os 12 e 15 anos – a administração da vacina da Pfizer BioNTech revelou uma segurança de 100% (isto segundo notícia do New York Times). A metade desses adolescentes administrou-se-lhe a vacina e a outra metade o placebo. Nenhum adolescente que levou a vacina foi contagiado com a covid-19, enquanto que, naqueles que receberam o placebo, verificaram-se 18 infecções.

 Já relativamente à vacina da Astrazeneca, a Agência Europeia de Medicamentos (AEM) emitiu há dias, mais propriamente no dia 31 de Março, um comunicado no qual assegurou que não existem provas de nenhum risco específico, por idade e por sexo, de surgimento de coágulos relacionados com a vacina da Astrazeneca.

Continuando as investigações, a AEM emitirá uma actualização das suas recomendações entre os próximos dias 6 e 9 de Abril, mas, por enquanto, aconselha o seu uso em todos os países europeus. Ora, este comunicado lançou uma certa confusão e perplexidade, visto que, na noite do dia 30 de Março, o governo alemão enunciou um novo critério de vacinação, segundo o qual excluía desta vacina as pessoas com menos de 60 anos.

A chanceler Angela Merkel, depois de uma reunião com os presidentes do Bundeslander, afirmou mesmo que “é um risco que não se pode ignorar”. Merkel reagiu, com esta decisão, à recomendação da Comissão Permanente de Vacinas da Alemanha, que, por sua vez respondia a um estudo do prestigioso Instituto Paul Ehrlich que assinalou 31 casos de trombose em pessoas que receberam a vacina. Nove delas faleceram (dois homens e sete mulheres) e em 19 casos foram detectados um défice de plaquetas no sangue informando o Instituto que os falecidos tinham entre 36 e 57 anos. Os outros casos foram de trombose venosa sinusal em mulheres entre os 20 e os 63 casos.

Pergunta-se: o nosso primeiro-ministro e a ministra da Saúde que terão a dizer deste sério aviso que vem da Alemanha? Note-se que a Astrazeneca está a ser “distribuída” à população portuguesa como quem distribui rebuçados inofensivos. Por que razão a classe médica está a ser vacinada só com a Pfizer?

António Cândido Miguéis, Vila Real

Culpas e desculpas das pandemias

Uma das utopias compensatórias, gerada em algumas mentes pensantes, pela tragédia da pandemia que assola o mundo, é a de que é possível uma biosfera quase sem vírus patogénicos para o Homo Sapiens, e que uma ecologia de alta ciência pode prevenir as epidemias. Alguns agentes patogénicos foram de facto eliminados do planeta, como o vírus da varíola, através de uma prevenção sistemática global com uma vacina eficaz.

Os seres vivos mais elementares, que são os vírus, têm um potencial evolutivo e adaptativo fenomenal que é e será um constante desafio para a civilização humana e a ciência.

A nossa espécie está integrada nas leis da vida como as outras, e deve ser prudente na forma como revoluciona a natureza. 

A prevenção sanitária define regras para prevenir contágios, e a solução final, em infecções a vírus, passa principalmente pela vacinação global. Toda a visão culposa, seja a da praga medieval, como castigo, ou, na actualidade, ou a da estigmatização do local de origem, servem essencialmente de passa-culpas.

A luta contra a pandemia mede-se no terreno da protecção das populações e na generalização a todos os povos dos benefícios da ciência, tratando os doentes e prevenindo as infecções.

José Manuel Jara, Lisboa

Obrigado ao PÚBLICO por Cabo Delgado

Quero agradecer à equipa do PÚBLICO pela detalhada cobertura da situação em Cabo Delgado durante as últimas duas semanas (e antes).

Sinto-me impotente perante tamanha hipocrisia de um Presidente que, em vez de visitar Palma e Cabo Delgado para apresentar as condolências às famílias afectadas e assegurar que tudo será feito pelas pessoas que tiveram de fugir, prefere minimizar a situação, dias depois inaugura uma fábrica de cerveja e hoje apela à oração. Maior afronta e desrespeito pelo seu próprio povo é inimaginável.

Tenho esperança que as reportagens que publicam possam ajudar a mover algo e a mobilizar o nosso público e alguns dos nossos políticos para que saiam da sua zona de conforto, acabem com as suas desculpas diplomáticas, mostrem coragem civil e actuem.

Michael Hagedorn, Lisboa

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