Universidade do Porto reabre laboratório “emblemático” da toxicologia forense

A Universidade do Porto revela que a nova sala do seu Museu de História Natural e da Ciência reabre terça-feira com entrada livre.

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Reitoria da Universidade do Porto Ricardo Castelo\NFACTOS

A Universidade do Porto reabre na terça-feira o Laboratório Ferreira da Silva, um espaço “emblemático” da história da toxicologia forense em Portugal no Museu de História Natural e da Ciência da instituição, foi anunciado esta quinta-feira.

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A Universidade do Porto reabre na terça-feira o Laboratório Ferreira da Silva, um espaço “emblemático” da história da toxicologia forense em Portugal no Museu de História Natural e da Ciência da instituição, foi anunciado esta quinta-feira.

Em comunicado, a Universidade do Porto revela que a nova sala do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP) reabre terça-feira com entrada livre. O Laboratório Ferreira da Silva, criado em 1910, herdou o nome do químico que, no século XIX, com o “Crime da Rua das Flores”, assinalou o arranque da toxicologia forense em Portugal.

“É com o requinte do estilo Art Déco de inícios do século XX que vamos reencontrar o laboratório onde muitas gerações de estudantes aprenderam com o ‘pai’ da toxicologia forense”, salienta a instituição. Em 1882, Ferreira da Silva foi convidado a instalar o laboratório municipal de química, projecto da Câmara do Porto no âmbito “Plano de melhoramento da cidade” e inspirado no Laboratório Municipal de Paris, tendo sido nomeado director do espaço um ano depois.

Vinte e cinco anos depois, o laboratório municipal viria a ser encerrado para dar lugar à Avenida dos Aliados e, com a demolição, o acervo, utensílios e a biblioteca foram confiados à Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. “Hoje, é no Laboratório Ferreira da Silva, que podemos ver de perto alguns desses objectos”, revela a Universidade do Porto. Disso exemplo é a caixa de alcalóides usada por Ferreira da Silva na investigação de casos como o de Urbino de Freitas.

O caso Urbino de Freitas resultou na condenação, em 1893, de um clínico portuense acusado do envenenamento de um sobrinho da sua mulher, onde as análises toxicológicas levadas a cabo por Ferreira da Silva “tiveram um forte peso no desfecho do processo”. “Os trabalhos toxicológicos relacionados com o caso representaram um notável avanço na química forense e toxicologia da época, tornando-se uma referência de estudo”, recorda a universidade.

No espaço que reabre terça-feira vão estar em exposição cerca de 80 objectos, de finais do século XIX e inícios do século XX, bem como instrumentos científicos, frascos com químicos, amostras minerais, utensílios de laboratório, livros e mobiliário. António Ferreira da Silva, natural de Cucujães, no concelho de Oliveira de Azeméis, faleceu a 23 de Agosto de 1923 vítima de uma síncope cardíaca.

Citada no comunicado, a vice-reitora para a área da cultura da Universidade do Porto, Fátima Vieira, afirma que se pretende que este seja “um espaço vivo, como devem ser todos os espaços museológicos do século XXI”. “Queremos recuperar a ideia dos saraus científicos do século XIX, utilizando o laboratório como plataforma para a revelação e discussão de descobertas científicas recentes”, revela.

A inauguração do laboratório consagra assim “um roteiro patrimonial de 300 anos de história da química”, que começa na Universidade de Coimbra (último quartel do século XVIII), passa pela Universidade de Lisboa (finais do século XIX) e termina na Universidade do Porto (inicio do século XX). A requalificação do novo espaço foi co-financiada pelo Norte 2020 através do Portugal 2020 e do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), com um investimento global aprovado de 2,2 milhões de euros e um apoio de 1,8 milhões de euros.