Indonésia: Ataque contra a polícia após atentado contra igreja

Analistas admitem que estes ataques serão motivados pelas recentes detenções de membros de grupos armados, aliados do Daesh, na Indonésia.

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Polícias armados à entrada da sede da Polícia Nacional da Indonésia após o tiroteio Reuters/WILLY KURNIAWAN

Seis polícias foram atingidos a tiro na sede da Polícia Nacional da Indonésia, em Jacarta, esta quarta-feira, numa acção que só foi travada quando a atacante foi morta. Este ataque, que aconteceu pouco depois de as autoridades indonésias terem accionado o alerta de combate ao terrorismo, foi inspirado pelo Daesh, diz o chefe da polícia, Listyo Sigit Prabowo. Isto três dias após um atentado suicida numa igreja católica indonésia ter ferido pelo menos 20 pessoas.

Os media locais falam num “alegado ataque de terror”: vídeos divulgados pelas estações televisivas mostram a atacante, apenas identificada com as iniciais ZA, de 25 anos, a entrar no parque de estacionamento da sede e a disparar, quando foi morta.

“Pelo perfil da pessoa em questão, era suspeita ou seria um lobo solitário com a ideologia radical do Daesh”, justificado com a partilha da bandeira do Daesh horas antes na sua página de Instagram, disse o chefe da polícia numa conferência de imprensa, acrescentando que tinha deixado uma nota de despedida aos pais.

O alerta de combate ao terrorismo e o aviso de possíveis ataques contra a polícia e locais religiosos foi accionado na sequência de um atentado suicida que ocorreu no domingo: um casal fez-se explodir junto à Catedral do Sagrado Coração de Jesus, em Makassar, capital da ilha de Sulawesi do Sul. O casal tentou entrar na igreja católica, mas foi impedido pelos seguranças, detonando os explosivos na parte de fora. Só os atacantes morreram, ferindo 20 pessoas.

A polícia diz que o casal pertencia ao grupo Jamaah Ansharut Daulah (JAD), aliado do Daesh – por trás de dois ataques em 2019, em Jolo, nas Filipinas, e de outros três em igrejas em Surabaia, na Indonésia, em 2018.

Depois do atentado, 13 pessoas foram detidas pela polícia em Jacarta, Sulawesi e na Nusa Tenggara Ocidental.

Possível retaliação

De acordo com o especialista em terrorismo Al Chaidar, ouvido pela Reuters, o ataque desta quarta-feira contra a polícia terá sido uma vingança pelas detenções de suspeitos religiosos e extremistas dos últimos dias.

Estas detenções têm sido “em grande parte eficazes” na contenção da ameaça dos grupos radicais na Indonésia, disse à Al-Jazeera a analista de terrorismo e segurança da London School of Economics, Judith Jacob. 

A lei antiterrorista aprovada em 2003, um ano depois dos atentados em Bali, que mataram 202 pessoas, levou as forças de segurança a conseguirem travar os grupos armados, mas recentemente tem havido um ressurgimento da violência.

Em 2016, houve um ataque num Starbucks em Jacarta, vitimando quatro civis e quatro atacantes. No mesmo ano, um ataque num terminal ferroviário também na capital matou três polícias. Em 2017, um ataque numa igreja em Kalimantan matou uma criança de dois anos e feriu várias pessoas com gravidade.

A lei voltou a ser revista em 2018, após os atentados em igrejas de Surabaia, quando duas famílias – segundo a Polícia, também membros do JAD – se fizeram explodir, matando dezenas de pessoas.

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