Indefinição da pandemia leva Disney a estrear Viúva Negra, Cruela ou Luca em streaming

Estúdio adiou estreias e anunciou a saída simultânea de grandes títulos de 2021 nos cinemas e na Disney+. Portugal deverá ser abrangido por esta que é a maior decisão estratégica da Disney motivada pela covid-19.

Foto

É mais um sinal negativo para a confiança na capacidade de os cinemas produzirem estreias rentáveis em pandemia, e mais um sinal positivo para os estúdios com serviços de streaming por onde escoar chamarizes de assinaturas. A Disney anunciou na terça-feira o adiamento de algumas das suas estreias mais sonantes dos próximos meses e as estreias simultâneas em sala e no Disney+ doméstico (por um custo adicional) de filmes como Viúva Negra, da Marvel, em vários países. Em Portugal, Viúva Negra e Cruela deverão seguir esse novo modelo. Luca, da Pixar, irá directamente para o streaming.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

É mais um sinal negativo para a confiança na capacidade de os cinemas produzirem estreias rentáveis em pandemia, e mais um sinal positivo para os estúdios com serviços de streaming por onde escoar chamarizes de assinaturas. A Disney anunciou na terça-feira o adiamento de algumas das suas estreias mais sonantes dos próximos meses e as estreias simultâneas em sala e no Disney+ doméstico (por um custo adicional) de filmes como Viúva Negra, da Marvel, em vários países. Em Portugal, Viúva Negra e Cruela deverão seguir esse novo modelo. Luca, da Pixar, irá directamente para o streaming.

A divisão de Distribuição de Media e Entretenimento da Disney fez um aviso que, segundo o seu presidente, Kareem Daniel, traduz a aposta “em dar escolha aos consumidores” num contexto em que as suas preferências estão em mudança”. Daniel descreve a medida como parte de uma “estratégia flexível de distribuição num mercado dinâmico que está a começar a recuperar da pandemia global”. É a maior decisão estratégica da Disney motivada pela covid-19.

Assim, Viúva Negra, com Scarlett Johansson, estrear-se-á a 9 de Julho nos cinemas em todo o mundo  a sua estreia em Portugal estava prevista para 6 de Maio, e como as estreias em sala no país são tradicionalmente às quintas-feiras é possível que se ajuste para 8 de Julho no mercado nacional  e Cruela, com Emma Stone, manter-se-á a 27 de Maio (a data nos EUA é 28 de Maio).

Foto
Cruela, a prequela de Os 101 Dálmatas

A grande novidade é que a Disney fará o que já tinha feito com Mulan e Raya e o Último Dragão com dois dos seus filmes mais valiosos para 2021: estreá-los-á em simultâneo em sala e, por um custo adicional, na plataforma Disney+ na maior parte dos mercados onde o serviço de streaming esteja disponível. Tudo indica que Portugal seja um deles, repetindo-se os moldes que chegaram a estar previstos para a estreia de Raya, a 5 de Março (nos cinemas e no Disney+ por 21,99 euros, através do acesso premium). Mas como foi imposto novo confinamento, os cinemas fecharam e o filme da Disney só pôde estrear-se online.

Viúva Negra e Cruela são distribuídos em Portugal pela Nos Lusomundo Audiovisuais, que deu luz verde à estreia de Raya sob esse modelo. A mesma distribuidora tem agendada a estreia em sala de Raya e o Último Dragão logo a 22 de Abril (os cinemas, recorde-se, reabrem três dias antes, no dia 19).

Uma economia em mudança

Viúva Negra, um filme-espectáculo da nova fase cinematográfica da Marvel, vê assim a sua estreia adiada por dois meses de acordo com a sua aspiração blockbuster  seria, num ano normal, um típico filme campeão de bilheteiras, e em especial na Primavera/Verão (a sua data inicial de estreia era Maio de 2020). Mas a exibição cinematográfica é um dos mercados mais afectados pela covid-19 em todo o mundo e se este mês a reabertura das salas em Los Angeles ou Nova Iorque foi saudada com aplausos e um aumento da confiança na segurança da experiência, os moldes da reabertura em muitos países não são ainda conhecidos e teme-se que voltem a ser muito restritivos.

Foto
Luca

Em Portugal, os cinemas poderão reabrir a 19 de Abril, se não houver um agravamento do número de casos da pandemia, mas se haverá reduções drásticas de lugares ou horários, factores que reduzem a rentabilidade de um filme, é ainda uma incógnita. A indefinição associada à pandemia está a forçar a adiamentos e cancelamentos em várias áreas de eventos com público  esta quarta-feira foi anunciado o adiamento de mais uma edição do festival IndieLisboa, para Agosto.

Além de Viúva Negra e Cruela, a Disney anunciou ainda na terça-feira que vai disponibilizar directamente em streaming o novo filme da Pixar, Luca, sem custo adicional. A estreia, nos mesmos moldes de Soul - Uma Aventura com Alma, está agendada para 18 de Junho. Não está prevista uma estreia em sala deste título nos países onde haja Disney+. Mas há outros filmes com novas datas de estreia: Free Guy  Herói Improvável passa de 20 de Maio para 13 de Agosto; Shang Chi and the Legend of the Ten Rings passa de 8 de Julho para 3 de Setembro; The King’s Man: O Início passa de 19 de Agosto para 22 de Dezembro; Águas Profundas passa de 12 de Agosto para 14 de Janeiro de 2022; e Morte no Nilo salta de 16 de Setembro para 11 de Fevereiro de 2022.

A Warner foi o estúdio que deu o primeiro sinal de que o streaming seria o caminho para procurar alguma rentabilidade nos anos covid: no final de 2020, anunciou que todos os seus filmes de 2021 seriam para estrear simultaneamente no seu serviço HBO Max (o futuro nome da HBO Portugal, este Verão) e em sala em muitos países. Será o caso de Dune ou Matrix 4.

Mas algumas das suas decisões embaterão ainda em contratos de distribuição globais e locais específicos – Mulher Maravilha 1984, que era a última esperança de um blockbuster para os cinemas em 2020, não teve estreia directa em streaming em Portugal, por exemplo. Na ausência de um acordo com a HBO Portugal, a Nos Lusomundo Audiovisuais manteve a estreia em sala. Desde meados de Dezembro, esteve cerca de um mês nos cinemas e arrecadou perto de 333 mil euros, agregando cerca de 56 mil espectadores.