Doentes em intensivos podem descer aos 150 numa semana. “É como se tivéssemos recuado seis meses”

De acordo com as estimativas da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, na próxima semana poderão estar internados - enfermaria e cuidados intensivos - entre 612 e 663 doentes com covid.

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Manuel Roberto

Dentro de uma semana os hospitais podem registar uma redução de 22,4% de doentes com covid internados, passando dos actuais 789 para 612, de acordo com o melhor cenário estimado pela Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH). Mesmo no pior cenário – as estimativas usam os dados do relatório da Direcção-Geral da Saúde (DGS) da última quinta-feira e projectam uma redução ou um aumento de 2% sobre o Rt -, os números mantêm a tendência positiva de decréscimo. Neste caso, estima-se que estejam internados um total de 663 doentes com covid.

A descida verifica-se também nas unidades de cuidados intensivos: o número de doentes com covid-19 nestas unidades altamente diferenciadas poderá estar entre os 150 e os 157 na próxima sexta-feira. Ou seja, uma descida entre os 14% e os 17,6% em relação ao boletim da DGS desta última sexta-feira, que reportava 182 doentes com covid em cuidados intensivos. Quanto ao Rt (risco de transmissibilidade) e à taxa de incidência a 14 dias por 100 mil habitantes do país, estavam em 0,86 e 87,2 novos casos, respectivamente, segundo o mapa de risco publicado pela DGS.

Quanto às estimativas, “são valores que nos colocam aos níveis da primeira e segunda semana de Outubro do ano passado”. “É como se tivéssemos recuado seis meses, o que é muito positivo. Dá nota da cautela que está a existir com o processo de desconfinamento e, ao mesmo tempo, mostra a irracionalidade que foi permitir o desconfinamento no Natal. Nessa semana tínhamos cerca de 400 doentes em cuidados intensivos”, recorda o presidente da APAH.

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Segundo as previsões, estima-se que em todas as regiões o número de internados seja baixo. O que se traduz também numa redução da necessidade de recursos humanos afectos à covid-19. Ainda assim, podem ser necessários entre 186 e 199 médicos, entre 1235 e 1327 enfermeiros e entre 512 e 542 auxiliares. Também na área da saúde pública, a exigência de recursos humanos estimada é menor (menos um terço do que a estimativa para esta semana): entre 592 e 673 profissionais para a realização de inquéritos epidemiológicos, primeiro contacto e contactos subsequentes.

Dados que “sem dúvida são muito positivos”, afirma Alexandre Lourenço, que deixa um alerta: “É preciso dar nota que não podemos baixar a guarda, porque facilmente os números podem reverter.” O responsável lembra que este “é um processo dependente da vacinação e da capacidade de testagem e rastreio de contactos” e que os valores baixos – actuais e os estimados para a próxima semana - “dão uma janela temporal para se terem equipas no terreno capazes de realizar testes e rastreios de contactos de risco”, ferramentas essenciais para o controlo da pandemia.

Alexandre Lourenço acredita que “dentro de uma a duas semanas será possível medir o impacto do desconfinamento” e volta a salientar como “é importante que não se volte ao cenário dos meses a seguir a Outubro do ano passado”. “Não se trata só de anunciar medidas, é preciso colocar tudo no terreno. E ainda não está”, refere. “É importante discutir o que aprendemos com a pandemia e o Ministério da Saúde tem de criar formas para se discutir o que queremos do sistema de saúde, como por exemplo o papel do sector social e das novas tecnologias. É preciso encontrar soluções estruturantes para o sistema e ouvir as pessoas que estão no terreno”, defende.

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