A demonização da esquerda e do socialismo produz monstros

A demonização da esquerda e do socialismo, com que alguns se entretêm até em Portugal, cria Bolsonaros e outros monstros.

Há século e meio o II Império francês, que tinha à sua cabeça um sobrinho de Napoleão Bonaparte, meteu-se irrefletidamente numa guerra contra a Prússia. Foi o fim do Império francês e o início do Império Alemão, com o rei prussiano Guilherme I a receber a coroa imperial no palácio de Versalhes. Os alemães ficaram com a Alsácia e a Lorena e toda a França estava derrotada. Toda? Não. Em Paris, fez ontem precisamente 150 anos, uma sublevação recusou a rendição e instaurou um governo de uma “República Social” que ficaria conhecida como a Comuna de Paris, e que tomou como primeiras medidas a escola primária universal para ambos os sexos e a separação do Estado e da igreja. Durou setenta e um dias. Quando no mês de maio seguinte as tropas de Versalhes, dominadas por uma Assembleia Nacional de maioria monárquica, cercaram Paris e a bombardearam com projéteis incendiários, estalou uma breve mas sangrenta guerra civil: os communards executaram 64 reféns; a repressão das tropas de Versalhes foi desproporcionadamente maior, resultando em pelo menos dez mil mortos, dos quais grande parte fuzilada sumariamente, e milhares de presos e exilados para a Nova Caledónia, incluindo a anarquista e feminista Louise Michel, talvez a líder mais famosa da Comuna.

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Há século e meio o II Império francês, que tinha à sua cabeça um sobrinho de Napoleão Bonaparte, meteu-se irrefletidamente numa guerra contra a Prússia. Foi o fim do Império francês e o início do Império Alemão, com o rei prussiano Guilherme I a receber a coroa imperial no palácio de Versalhes. Os alemães ficaram com a Alsácia e a Lorena e toda a França estava derrotada. Toda? Não. Em Paris, fez ontem precisamente 150 anos, uma sublevação recusou a rendição e instaurou um governo de uma “República Social” que ficaria conhecida como a Comuna de Paris, e que tomou como primeiras medidas a escola primária universal para ambos os sexos e a separação do Estado e da igreja. Durou setenta e um dias. Quando no mês de maio seguinte as tropas de Versalhes, dominadas por uma Assembleia Nacional de maioria monárquica, cercaram Paris e a bombardearam com projéteis incendiários, estalou uma breve mas sangrenta guerra civil: os communards executaram 64 reféns; a repressão das tropas de Versalhes foi desproporcionadamente maior, resultando em pelo menos dez mil mortos, dos quais grande parte fuzilada sumariamente, e milhares de presos e exilados para a Nova Caledónia, incluindo a anarquista e feminista Louise Michel, talvez a líder mais famosa da Comuna.