Empresas entregaram falsos testes negativos à covid-19 para motoristas entrarem na Alemanha

Mercado de declarações falsificadas de resultados negativos a testes à covid-19 tem deixado as autoridades europeias em alerta nos últimos meses.

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Tiago Lopes

O Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM) denuncia que várias empresas do sector dos transportes estão a fornecer falsos certificados de testes à covid-19 aos camionistas que viajavam para a Alemanha, onde estavam em vigor restrições de circulação, para conseguirem entrar no país. 

De acordo com o Jornal de Notícias (JN), o esquema terá começado no final de Janeiro, quando o governo alemão tornou obrigatório aos motoristas apresentarem um certificado de resultado negativo a um teste PCR, efectuado até 48 horas antes da entrada na Alemanha. Mediante as dificuldades logísticas e financeiras, as empresas “terão começado a procurar alternativas”, relata o jornal.

Anacleto Rodrigues, presidente do SIMM, afirma ao JN que “há empresas a enviar por e-mail ou por WhatsApp supostos resultados negativos aos testes para poderem entrar na Alemanha”. “Temos vários associados que nos denunciaram a situação por estarem preocupados. Receiam ter problemas com as autoridades locais e serem detidos por circularem com um documento falsificado. Mas ao mesmo tempo também não podem denunciar o caso às autoridades, porque corriam o risco de ser despedidos”, denuncia o dirigente sindical.

Entretanto, na sexta-feira, a Alemanha anunciou a suspensão da proibição de viagens para o país a partir de território português. O transporte de pessoas a partir de Portugal, por via ferroviária, rodoviária, marítima ou aérea, será reestabelecido no domingo.

Falsos testes negativos deixam Europol em alerta

O mercado das declarações falsificadas de resultados negativos a testes à covid-19 tem deixado as autoridades europeias em alerta nos últimos meses. Em Fevereiro, a Europol emitiu um aviso sobre vários casos de certificados fraudulentos de testes à covid-19 que estavam a ser vendidos a viajantes. Em resposta às restrições impostas aos viajantes, “é muito provável que os criminosos aproveitem a oportunidade para produzir e vender certificados falsos de testes à covid-19”.

A Europol citava um caso detectado no aeroporto de Luton, no Reino Unido, onde um homem foi detido por tentar vender certificados falsificados de testes à covid-19. Outros incidentes têm sido comunicados à Europol por outros países, como a detenção de uma rede de falsificadores no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, que vendiam resultados negativos forjados a passageiros. Estes documentos com resultados falsificados podiam custar entre 150 e 300 euros.

Em Dezembro do ano passado, a polícia espanhola deteve um indivíduo por vender online, por 40 euros, falsos certificados de resultado negativo em testes PCR. Nos Países Baixos, foram apanhados criminosos a vender declarações falsas de resultados negativos por 50 a 60 euros, através de aplicações de mensagens.

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