Tiago Sousa antecipa com novo single edição em vinil de Oh Sweet Solitude

Em Novembro de 2020, quando foi lançado Oh Sweet Solitude, Vítor Belanciano descreveu-o no Ípsilon como “nove peças instrumentais para piano solo, onde o carácter acidental da abordagem minimalista dialoga com a música contemporânea, com elementos jazzísticos difusos e com a música impressionista francesa a espreitar.” E, nesse texto/entrevista, o compositor e pianista Tiago Sousa esclarecia: “Esta música não é feita a pensar no cânone da música de tradição clássica ou erudita europeia. Não respeita as formas, prelúdio ou sonata. É algo mais vernacular, de transmissão oral, no caso, através dos discos que oiço e do contacto com outros músicos.”

Agora, após ter editado ANGST no início deste ano, onde retrata “uma série de ensaios sobre o ser efémero”, Tiago Sousa anuncia que em finais de Abril estará disponível uma versão em vinil do álbum Oh Sweet Solitude, promovida esta segunda-feira com o single Eyes Velázquez-Grey e respectivo videoclipe. Este tema, escreve-se no texto de lançamento do single, foi composto por Tiago quando começou a trabalhar na banda sonora do filme A Praia da Amália (Daniel Gorjão e Patrícia Couveiro, 2020), “que retrata um casal que se está a conhecer e a apaixonar e onde há aquele momento único e universal do Amor - o feitiço lançado pela infinita troca de olhares.” Tendo Tiago já sentido esse chamariz, “foi nos retratos de Diego Velázquez (1599-1660) que encontrou a perfeita ilustração das expressões faciais, e sobretudo dos olhos, cuja palete de cores atípicas e apelativas consegue criar este feitiço visual e ao mesmo tempo invisível.”

O videoclipe conta com a participação de vários membros da Cooperativa Mula, um colectivo formado na cidade do Barreiro com base numa horta comunitária com quase duas décadas e que promove a participação local e social. Devido à pandemia está numa fase um pouco estranha”, mas, segundo Tiago Sousa, “continua com vontade de celebrar a sua existência e consegue criar este tipo de sinergias a que podemos assistir. Tal como as telas de Velázquez, o vídeo impõe-se ao olhar do observador pela sua energia intrínseca, aliada à atmosfera de meia-luz e aos vários degradés de sombras, transmitindo uma sensação paradoxal de movimento pendente.”

A concepção e realização do videoclipe é do Mário J. Negrão e Tiago Sousa, com fotografia e pós-produção de Mário J. Negrão. O trabalho de colorista é de Vera Marmelo.