Das pragas de gafanhotos, eles fazem comida para animais: o contra-ataque dos agricultores no Quénia

Assolados por pragas de gafanhotos, que destroem plantações e outros meios de subsistência, os agricultores do Quénia começaram a tranformar estes insectos em lucro — com a ajuda da The Bug Picture.

p3,agricultura,ambiente,quenia,africa,alteracoes-climaticas,
Fotogaleria
Reuters/BAZ RATNER
p3,agricultura,ambiente,quenia,africa,alteracoes-climaticas,
Fotogaleria
Reuters/BAZ RATNER
p3,agricultura,ambiente,quenia,africa,alteracoes-climaticas,
Fotogaleria
Reuters/BAZ RATNER

O Quénia está a lutar contra algumas das piores pragas de gafanhotos em décadas, mas a start-up The Bug Picture espera transformar as pestes em lucro e trazer “esperança aos desesperados”, cujas plantações e meios de subsistência estão a ser destruídos pelos insectos.

Os padrões meteorológicos pouco usuais, exacerbados pelo aquecimento global, criaram as condições ideais para um aumento exponencial de gafanhotos, que têm destruído plantações e terrenos de pastagem da África Oriental. Os cientistas afirmam que o aquecimento das águas dos mares está a criar mais chuva, a fazer eclodir ovos adormecidos e os ciclones que dispersam os enxames estão a ficar mais fortes e frequentes.

REUTERS/Baz Ratner
REUTERS/Baz Ratner
REUTERS/BAZ RATNER
REUTERS/BAZ RATNER
Fotogaleria
REUTERS/Baz Ratner

A The Bug Pictures está a trabalhar com comunidades da área de Laikipia, Isiolo e Samburu, no centro do Quénia, para recolher estes insectos e moê-los, de forma a transformar os gafanhotos em alimentação animal rica em proteínas e em fertilizante orgânico para as quintas e herdades.

“Estamos a tentar criar esperança numa situação de desespero e a ajudar estas comunidades a alterarem a sua perspectiva, de forma a verem estes insectos como uma colheita sazonal, que pode ser vendida por dinheiro”, afirma Laura Stanford, fundadora da The Bug Picture.

Em Laikipia, nuvens de gafanhotos estão a devorar as plantações e outra vegetação. A The Bug Picture está a concentrar-se em enxames de cinco hectares ou menos, localizados em área inabitadas, não adequadas a pulverização.

REUTERS/BAZ RATNER
REUTERS/BAZ RATNER
REUTERS/BAZ RATNER
Fotogaleria
REUTERS/BAZ RATNER

Estes enxames podem viajar até 150 quilómetros por dia, podendo ser formados por 40 a 80 milhões de gafanhotos por quilómetro quadrado. “Eles destroem todas as plantações quando chegam às quintas. Às vezes são tantos que é impossível distinguir o que são plantações e o que são enxames de gafanhotos”, afirma o agricultor Joseph Mejia.

A The Bug Picture paga a Mejia e aos seus vizinhos 50 xelins quenianos (cerca de 40 cêntimos) por quilo de insecto. Entre 1 e 18 de Fevereiro, o projecto supervisionou a colheita de mais de um milhão de toneladas de gafanhotos, de acordo com a sua fundadora, que afirma ter sido inspirada por um projecto do Paquistão, supervisionado pelo Conselho de Investigação Agrícola do país.

REUTERS/Baz Ratner
REUTERS/Baz Ratner
Fotogaleria
REUTERS/Baz Ratner

Os gafanhotos são recolhidos à noite, com lanternas, quando estão a dormir em arbustos ou árvores. “A comunidade está a caças os gafanhotos e, quando os apanha, pesa-os e vende-os”, diz Albert Lemasulani, um coordenador de campo que trabalha com a start-up.

Os insectos são esmagados e drenados, depois moídos e transformados em pó, para serem usados como comida para animais e fertilizante orgânico.