Novak Djokovic revalida domínio na Austrália

O tenista sérvio derrotou Daniil Medvedev, conquistou o 18.º título do Grand Slam e assegurou a manutenção na liderança do ranking mundial pela 311.ª semana consecutiva.

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Djokovic com o troféu nas mãos Reuters/ASANKA BRENDON RATNAYAKE

Novak Djokovic tornou-se no segundo homem na história do ténis a conquistar nove títulos de singulares no mesmo torneio do Grand Slam. Ao triunfar na final do Open da Austrália, o sérvio de 33 anos imitou o feito de Rafael Nadal em Roland Garros. E ao somar o 18.º “Slam”, Djokovic também se aproximou do espanhol e de Roger Federer, que detêm o recorde com 20 majors conquistados.

“Roger e Rafa inspiram-me e enquanto eles jogarem eu também vou jogar. É uma competição entre ambos em todas as áreas, mas penso que nós somos assim, porque nos motivamos uns aos outros”, afirmou Djokovic que designou o trio, também conhecido por “Big 3”, como “os três cavaleiros do ténis”. “Continuo a beliscar-me para manter-me ciente da importância de mais um título, porque cada ano que passa vai ser mais difícil, porque vão aparecendo jogadores mais jovens, esfomeados. A partir de agora, vou focar-me mais nos Slams”, acrescentou Djokovic, depois da final, em que venceu Daniil Medvedev, por 7-5, 6-2 e 6-2.

Mas este triunfo esteve longe de ser um passeio. Djokovic perdeu cinco sets até à final, um máximo em todos os 27 percursos antes do derradeiro encontro no Grand Slam que já protagonizou. Para além disso, sofreu uma lesão abdominal na terceira ronda, na qual derrotou Taylor Fritz em cinco sets, da qual foi recuperando a cada dia. Frances Tiafoe, Milos Raonic e Alexander Zverev também ganharam um set ao líder do ranking.

“Foi dos títulos mais emocionais, com a lesão e a quarentena. Não me posso queixar, pois foi a melhor quarentena que podia ter se comparada com a de outros jogadores”, reconheceu o tenista que, só duas horas antes de entrar no court para defrontar o quarto adversário, Raonic, é que teve a certeza que estava em condições de jogar, mesmo sabendo que arriscava a piorar a lesão. A forma como se exibiu a partir daí, levantou muitas dúvidas sobre a gravidade da mesma.

“Houve muita especulação sobre a lesão e sobre como pude recuperar tão depressa. Percebo e todos têm o direito a uma opinião. O que fiz nos últimos 10 dias vão poder ver no final do ano, num documentário que tenho estado a filmar nos últimos meses, sobre as minhas rotinas, recuperação e bastidores. Claro que as críticas doeram, sou humano como todos. Mas nos últimos anos, consegui mentalmente bloquear isso”, afirmou Djokovic.

Antes, na Rod Laver Arena, Djokovic impôs a sua maior profundidade, consistência e precisão das pancadas para anular a agressividade de Medvedev. Em menos de 10 minutos, o sérvio já liderava por 3-0. Medvedev recuperou até 3-3, mas a 6-5, as respostas de Djokovic anularam a esperada eficácia do serviço adversário e o set ficou concluído no nono erro do russo.

Mais uma vez Medvedev reagiu bem e começou a segunda partida com um break, mas o serviço continuou sem fazer mossa e Djokovic alinhou quatro jogos consecutivos para retomar o ascendente. E um quinto break selou o set.

Na sua estreia em finais do Grand Slam, há ano e meio, no Open dos EUA, Medevedev recuperou de 0-2 em sets e forçou Nadal a disputar uma quinta partida. Desta vez, duas duplas-faltas do russo contribuíram para que Djokovic se adiantasse para 3-0 no terceiro set e elevasse a confiança para níveis inalcançáveis. No primeiro match-point, o sérvio veio à rede para concluir a final, em uma hora e 53 minutos.

Djokovic igualou Nadal, ao conquistar o sexto título do Grand Slam depois de completar 30 anos e o recorde de semanas à frente do ranking mundial, 310 (detido por Federer), está igualmente seguro de ser batido, a 8 de Março. Agora, vai poder reencontrar-se com a mulher e filhos, que deixou há várias semanas; uma situação que o vai levar a repensar o calendário para 2021, pois, na maioria de torneios, não poderá viajar com a família.

Medvedev chegou à sua segunda final do Grand Slam depois de vencer os últimos 20 encontros que disputou, 12 dos quais frente a adversários do top-10 – incluindo Djokovic, que derrotou (duplo 6-3), nas ATP Finals, em Novembro –, mas resignou-se à superioridade do sérvio. “Ele foi melhor que eu. Sei que eu podia jogar melhor, mas mesmo que o fizesse, não sei se o resultado ia ser diferente. Leu muito bem o meu serviço, fez vários breaks e não há muitos que o conseguem”, disse o russo.

Medvedev vai subir a um inédito terceiro lugar no ranking e avisou que vai continuar a trabalhar para vencer um major, mas reconhece a superioridade do “Big 3”: “O que eles têm feito no court é inacreditável. Eu tenho 25 anos e para ganhar nove Opens da Austrália teria que ganhar todos os anos até aos 34. Acredito em mim mesmo, mas não acho que vá conseguir. São ‘cyborgs’ no bom sentido.”

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