Sindicatos unem-se para denunciar pressões sobre trabalhadores no Santander Totta

Quatro sindicatos e a Comissão de Trabalhadores exigem suspensão do processo de reestruturação do banco detido pelos espanhóis do Santander.

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Ana Botín lidera o grupo espanhol, que em Portugal é presidido por Pedro Castro e Almeida (à esquerda) Miguel manso

Quatro sindicatos do sector da banca e a Comissão de Trabalhadores do Santander tomaram, pela primeira vez, uma posição conjunta exigindo à administração do banco que “suspenda o processo unilateral de reestruturação em curso” na instituição, foi anunciado esta quarta-feira.

Em comunicado, o Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB), Sindicato dos Trabalhadores do Sector Financeiro de Portugal (SBN), MAIS Sindicato, Sindicato dos Bancários do Centro (SBC) e Comissão de Trabalhadores (CT) do Banco Santander Totta adiantam que esta posição foi assumida na sequência de uma “reunião inédita” que, no passado dia 10, juntou “pela primeira vez” estas estruturas para fazer “uma análise conjunta da situação laboral de centenas de trabalhadores” da instituição bancária.

Os sindicatos e a CT exigem à administração do Santander Totta a “imediata suspensão de todos os processos de rescisão por mútuo acordo e de encerramento de balcões e serviços durante a pandemia” e a “recolocação nos seus locais de trabalho, em condições de dignidade”, de todos os trabalhadores do banco que recusaram rescindir e dos que viram os seus balcões encerrados.

Ainda reclamado é “o fim da pressão que pode, em certas circunstâncias, configurar assédio (o que é proibido por lei) e o respeito pelo horário de trabalho”, assim como a abertura de um programa de candidaturas de adesão livre a reformas antecipadas, pré-reformas e rescisões por mútuo acordo, “com condições objectivas e publicamente conhecidas pelos trabalhadores”.

Segundo referem, uma proposta neste sentido foi já apresentada ao banco pelos sindicatos.

Denunciando a “gravidade da situação” vivida no banco, os sindicatos e a CT garantem que “não desistem da sua luta pela defesa dos direitos de todos os trabalhadores do Santander Totta” e admitem “recorrer a todas as formas de luta previstas na lei” para o assegurar.

Da análise feita na reunião do passado dia 10 à situação laboral no Santander Totta, as estruturas representativas dos trabalhadores destacam a “política continuada” de encerramento de balcões implementada ao longo dos últimos anos, “nos quais o banco sempre teve lucros”, e que dizem ter tido “impacto em centenas de trabalhadores”.

“Considerando os resultados do banco em 2020 - designadamente lucros de 339 milhões de euros, o melhor rácio de eficiência da banca portuguesa (rácio ‘cost/income’ de 45,9%), os excelentes indicadores de evolução da actividade comercial (crescimento em crédito de 7,5%, em depósitos 1,9% e em clientes fidelizados 4,3%, entre outros, rácios de capital muito acima dos exigidos pelos reguladores europeus e um nível invejavelmente baixo de NPL) - e a contribuição dos trabalhadores para os mesmos, nada justifica o processo de restruturação que se encontra em curso”, sustentam.

Segundo os sindicatos e a CT, “a política compulsiva de rescisões por mútuo acordo” em curso no banco “está a ser utilizada como forma de pressão e ameaça aos trabalhadores, particularmente aos da rede comercial, mas também nalguns departamentos centrais, criando grande instabilidade, angústia e medo entre os trabalhadores”.

Paralelamente, dizem, “vivem-se tempos de enorme e continuada pressão face ao grande volume de trabalho e maior carga horária”, o que se reflecte num “enorme cansaço de trabalhadores, levando muitos à exaustão psicológica e física”.

“Já há centenas de trabalhadores excluídos do normal funcionamento das equipas de trabalho e sob a permanente pressão do banco, que assim põe em causa o regular exercício das respectivas funções”, denunciam.

Afirmando que a administração do Santander Totta “não quer reconhecer que está efectivamente em curso um processo de reestruturação, na forma e na substância”, os sindicatos e CT reclamam “o direito de intervir nesse processo para defesa dos trabalhadores e dos postos de trabalho”.

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