Regressou Jesus e o Benfica regressou às vitórias

“Encarnados” triunfam sobre o Famalicão com golos nos primeiros sete minutos, igualando o Sp. Braga e reduzindo a diferença para o FC Porto na classificação

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LUSA/MANUEL ALMEIDA

Primeiro as boas notícias para o Benfica. Depois de quase um mês para o campeonato, os “encarnados” voltaram a sentir o sabor das vitórias, triunfando por 2-0, na Luz, sobre o Famalicão. Ganharam pontos ao FC Porto e ao Sp. Braga (ao Sporting, só hoje se saberá) e voltaram a ter o seu líder Jorge Jesus no banco. E terão tido a melhor entrada em jogo da temporada, a marcar cedo e a lançar as bases para um jogo tranquilo e convincente e dar uma prova de vida nesta época. As más notícias é que o Benfica não foi nem convincente, nem tranquilo, nem disfarçou os múltiplos problemas, que continuam a ser evidentes.

Frente a um adversário em situação difícil e com um treinador quase novo, no seu segundo jogo (Silas), o Benfica entrou muito pressionante e com vontade de resolver as coisas cedo. E Jesus, de regresso ao banco após debelar a covid-19, deve ter gostado muito do que viu nos primeiros minutos — finalmente uma equipa a cumprir sua promessa de arrasar e de jogar o triplo, em que os jogadores que custaram milhões assumiram um papel de destaque. Mérito próprio, claro, acompanhado da virtude de aproveitar aquilo que o Famalicão lhe ofereceu nesses primeiros minutos.

A arrasar foi como o Benfica começou. Logo aos 2’, Everton “Cebolinha” passou por três jogadores do Famalicão, entrou na pequena área e deixou a bola limpa e redonda para Darwin Nuñez fazer o 1-0, naquele que foi o décimo golo do jovem uruguaio pelo Benfica (apenas o quarto no campeonato). E aos 7’, o capitão Nicolás Otamendi assinou o seu primeiro golo pelo Benfica, com um remate indefensável após uma defesa incompleta de Luiz Junior, na sequência de um primeiro tiro de Adel Taarabt, de fora da área. 

Era um início de sonho para o Benfica e um pesadelo para Silas, que tinha montado uma equipa com uma defesa a cinco pronta para resistir. Mas resistiu pouco e o ex-técnico do Sporting, a meio da primeira parte, iria rectificar, sacrificando um dos defesas e enviando mais um homem para o ataque. Não teve efeitos a curto prazo, porém. O Benfica foi dominante e esteve no controlo durante a primeira parte, enquanto o Famalicão deu um único sinal de vida aos 25’, num remate de Gil Dias que foi devolvido pelo poste. 

O Benfica justificava a vantagem pela sua entrada forte, mas essa identidade foi desaparecendo à medida que os minutos na segunda parte iam passando. A equipa minhota voltou a dar um sinal aos 55’, numa arrancada pelo flanco de Rúben Vinagre, em que o lateral emprestado pelo Wolverhampton foi egoísta e rematou com pouco ângulo quando tinha um colega na área em melhor posição. 

Seja pelo cansaço, ou pela falta de entrosamento provocado pela epidemia de covid-19 que arrasou com o Benfica (como diria Jorge Jesus no final), os “encarnados” encolheram-se e repetiram os pecados que têm mostrado durante toda a época, não apenas no último mês. Meio-campo sem capacidade para dominar, laterais mais ofensivos que defensivos e ataque descoordenado. E o Famalicão foi fazendo pela vida, bem mais rematador que os “encarnados” na segunda parte e a justificar pelo menos um golo na Luz — pagou, no entanto, pela sua entrada muito frouxa no jogo e vai continuar em posição muito incómoda na tabela.

Nada mudou no resultado e o Benfica voltou a conseguir uma vitória, algo que tem sido muito raro nos últimos tempos. Jorge Jesus prometeu no final que tudo irá melhorar de agora em diante e que a segunda metade da época irá ser diferente. O técnico estava convicto das suas palavras. Resta saber se ainda vai a tempo de salvar a temporada.

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