Observatório Nacional do Bullying registou 407 denúncias em 2020

A maioria das queixas são apresentadas por encarregados de educação. As vítimas ou ex-vítimas são mais as raparigas e os agressores mais os rapazes, com idades entre os 12 e os 13 anos.

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Bruno lisita

O Observatório Nacional do Bullying (ONB), criado há um ano por quatro psicólogas e uma advogada, registou 407 denúncias em 2020, a maioria por violência psicológica dentro da escola, com as raparigas a serem mais vitimizadas.

Em 2020, desde que foi criado, em 30 de Janeiro, o ONB recebeu 407 denúncias, a maioria (67%) apresentadas por encarregados de educação das vítimas ou ex-vítimas. As vítimas ou ex-vítimas são mais as raparigas (249) e os agressores mais os rapazes (211), com idades entre os 12 e os 13 anos.

Na maioria dos casos (94,6%), tanto vítimas como agressores frequentam a mesma escola, onde o bullying é exercido, sobretudo, presencialmente (74,20%). Na escola, são sobretudo o recreio (60,40%) ou a sala de aula (50,40%), os locais onde este comportamento é mais vezes identificado. O tipo de violência mais apontado é a psicológica (92,10%), seguindo-se a social (66,60%), a física (50,40%) e a sexual (9,30%).

De acordo com os dados do ONB, quase metade (45%) das vítimas necessitaram de apoio psicológico, sendo que um terço queixou-se de dificuldades de concentração e tristeza.

Acima de tudo, são o aspecto físico (51,80%) e os resultados académicos (34,90%) que levam, na perspectiva das vítimas, os agressores a cometerem bullying. Quase metade dos casos denunciados concentraram-se nos distritos de Lisboa e Porto (45,20%).

Durante o primeiro confinamento generalizado no país por causa da pandemia da covid-19, entre Março e Abril de 2020, foram comunicados ao ONB quatro casos de ex-vítimas e um de uma vítima, que persiste desde 2017.

O ONB é uma iniciativa da Associação Plano i, fundada por um grupo de cinco mulheres, que se tem debruçado sobre as questões da violência de género, doméstica e no namoro. O observatório visa “mapear o fenómeno do bullying em Portugal com base nas denúncias informais efectuadas por vítimas, ex-vítimas, testemunhas e pessoas que tiveram conhecimento da vitimização”.

O bullying define-se pelo uso da força física, ameaça ou coerção para abusar, intimidar ou dominar de forma agressiva, e habitual, outras pessoas.

O Observatório Nacional do Bullying tem coordenação científica das psicólogas Sofia Neves e Paula Allen, respectivamente presidente e vice-presidente da Associação Plano i. Sediada no Porto, a associação organiza actividades e projectos de sensibilização, formação, educação, intervenção e consultadoria contra a desigualdade, discriminação, violência, exclusão e pobreza.

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