Vereador da Cultura e Turismo de Viseu deixa pelouros

Jorge Sobrado anuncia que pretende permanecer na vereação, sem pelouros, até ao final de mandato, retirando-se de uma eventual recandidatura.

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Jorge Sobrado está há sete anos em Viseu, e não fará parte das próximas listas à autarquia DR

O vereador com os pelouros da Cultura e Património, Turismo e Marketing Territorial de Viseu, Jorge Sobrado, revelou esta terça-feira de manhã que pediu a renúncia àquelas funções, com efeitos a partir de 15 de Fevereiro. A partir dessa data, Jorge Sobrado pretende permanecer na vereação que suporta o executivo de Almeida Henriques, sem outras funções, e não integrará as listas do PSD nas eleições autárquicas deste ano, anuncia. O presidente da Câmara, Almeida Henriques, assumirá os pelouros em causa.

“Apresentei hoje ao Senhor Presidente da Câmara Municipal de Viseu a renúncia às minhas funções de vereador da Cultura, Património, Turismo e Marketing Territorial, com efeitos a partir do próximo dia 15 de Fevereiro. Na mesma data, cessarei as minhas funções nos órgãos sociais de entidades municipais ou participadas pelo Município de Viseu, como é o caso da Viseu Marca, instituição à qual estou ligado desde a sua criação e que logrou protagonizar uma viragem histórica da Feira de São Mateus”, escreveu o autarca independente num post no Facebook. 

Neste mesmo texto em que torna pública a sua decisão, Jorge Sobrado explica que deseja cumprir o mandato autárquico até ao seu final, como vereador não executivo (sem pelouros), desde que as suas “futuras responsabilidades profissionais o permitam”. Após sete anos em Viseu, primeiro como adjunto de Almeida Henriques para algumas das áreas que viria a tutelar, o vereador considera que é tempo de “fechar um ciclo”. 

Regresso à CCDR-N

No texto o autarca esclarece que esta renúncia não é motivada “pela sedução de um novo cargo ou por uma oportunidade profissional financeiramente recompensadora”. Aliás, contactado pelo PÚBLICO, este quadro da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte explicou que vai regressar à CCDR-N, agora presidida por António Cunha, e que dependerá da organização do trabalho na comissão a sua continuidade como vereador. Se não for possível articular, no tempo, as duas funções, Sobrado renunciará mesmo ao mandato na autarquia, algo que já explicou ao presidente da câmara.

​O regresso à CCDR-N será em meados de Fevereiro, onde irá trabalhar “muito próximo” do presidente da comissão, segundo disse ao PÚBLICO fonte municipal, destacando “as competências” que o vereador da Cultura tem na área do marketing e não só.

"A decisão foi tomada num contexto de diálogo aberto e estreito entre o vereador, que se mantém em funções sem pelouros e o presidente “, assume, em comunicado, o líder do executivo. Almeida Henriques destaca “o excelente trabalho de Jorge Sobrado, ao longo de mais de sete anos, primeiro como Adjunto e depois como Vereador no Município”, para além dos quase dois anos em que o acompanhou no governo, “agradecendo a sua dedicação exemplar”.

O vereador, que não vivia em Viseu antes desta experiência e foi sempre olhado como um intruso pelo PSD local, não quis detalhar as razões da sua saída. E, tal como no post que escreveu, preferiu dar nota de que espera, pelo menos, que os avanços alcançados nos últimos anos nas áreas do património arqueológico e da cultura não se percam com a sua saída.

O mandato de Jorge Sobrado fica claramente marcado pela criação do Pólo Arqueológico de Viseu – uma estrutura com várias valências que tem competências de gestão de reservas arqueológicas, delegada pela própria Direcção Geral do Património Cultural – e pela abertura do Museu de História da Cidade. Neste caso, o autarca conseguiu desemperrar um projecto que estava no papel há 40 anos, e que tem já dois pólos abertos na cidade, aguardando-se a abertura de um terceiro, o centro de interpretação da Cava de Viriato. Para além disso, conseguiu reposicionar a Feira de São Mateus. “O meu grande desejo para 2021 é que ela se possa realizar”, disse ao PÚBLICO. 

Os pelouros que assume vão regressar no próximo mês ao presidente da Câmara de Viseu e as equipas com quem o vereador trabalha directamente passam a reportar ao chefe do executivo.

Em Setembro de 2017, ao integrar a lista do PSD à Câmara de Viseu como independente, Jorge Sobrado abriu um novo ciclo na sua vida. Mas a meio do mandato decide aderir ao partido, o que provocou algum incómodo no PSD local, crítico da “ascensão” do vereador que trocou o Porto por Viseu.

A boa relação com Almeida Henriques ditou que a ficha de militante fosse assinada pelo presidente da câmara. Acontece que o pedido ficaria sem resposta pois não terá chegado à sede nacional do partido. Especulou-se se se trataria de um veto de gaveta, uma vez que a concelhia era liderada pelo vice-presidente da câmara, Joaquim Seixas, com quem Sobrado não tinha uma boa relação.

Passados meses deste episódio, o único vereador independente na Câmara de Viseu pede a devolução da ficha para “evitar uma tentativa de ajuste de contas” no partido. Na altura, em declarações ao PÚBLICO, afirmou que só voltaria a ponderar a sua filiação no PSD “quando sentir que se respira novamente liberdade e responsabilidade” no partido. Esse momento parece ter chegado. Jorge Sobrado é militante do Partido Social Democrata há cerca de um mês e, desta vez, a ficha de filiação foi assinada pela Juventude Social-Democrata de Viseu.

 

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