Sandro Mezzadra: a logística como poder

O filósofo italiano é um autor fundamental da filosofia política, sobretudo quando se trata de definir e caracterizar os processos do capitalismo contemporâneo e as suas transformações fundamentais. Pensar os efeitos das plataformas digitais e dos processos logísticos no mundo do trabalho e da mercadoria é um dos contributos fundamentais de Mezzadra para percebermos o mundo em que vivemos. Dias 27 e 28, às 18h, dá duas conferências na Sala Zoom do Teatro do Bairro Alto.

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Manolo Finish

Sandro Mezzadra é professor de Filosofia Política na Universidade de Bolonha, com um percurso académico internacional, sobretudo em universidades americanas de prestígio onde foi várias vezes Visiting Professor. Embora tendo estudado os clássicos da filosofia política na Universidade de Génova, no início dos anos 80 (quando em Itália o pensiero debole, com o qual nunca teve qualquer afinidade, tinha adquirido uma enorme importância), a sua formação política e intelectual é feita sobretudo num ambiente extra-universitário, na constelação do operaismo italiano. Compreender o mundo em que nos encontramos hoje, identificar e caracterizar as grandes transformações sociais e políticas que se operaram e com as quais estamos confrontados, eis o quadro em que se desenvolve toda a investigação de Sandro Mezzadra e que determina as categorias e conceitos que tem desenvolvido, alguns dos quais em livros em co-autoria com o australiano Brett Neilson, por exemplo Border as Method (2013). O conceito de fronteira e de multiplicação do trabalho, e a correlativa verificação de que deixa de ser possível a distinção rígida entre centro e periferia, são os temas centrais desse livro. A investigação de Mezzadra, centrada nos processos de transformação e “heterogeneização” (isto é, diversificação) do capitalismo contemporâneo, incide especialmente sobre os processos de globalização e sobre a realidade das migrações. O encontro com a crítica pós-colonial é decisiva para a sua releitura de alguns conceitos do operaismo. A questão da logística, sobre a qual dá duas “lições”, via zoom, dias 27 e 28, convidado pelo Teatro do Bairro Alto (às 18h) e integrado num “programa digital” que o TBA concebeu para manter uma actividade em tempos de confinamento, é um aspecto fundamental que Sandro Mezzadra identifica nas recentes metamorfoses do capitalismo.

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