Dois dirigentes nacionais desfiliam-se da Aliança

Vice-presidente da mesa do congresso bateu com a porta um dia depois de Santana ter abandonado o partido. Dias antes, Francisco Tomás Ribeiro, que era vice-presidente da direcção política nacional, renunciou ao cargo e saiu.

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Santana Lopes sai da Aliança e leva a que outros militantes abandonem o partido miguel manso

Há mais duas desfiliações no partido fundado por Santana Lopes. O vice-presidente da mesa do congresso da Aliança, Pedro Escada, demitiu-se na segunda-feira do cargo que ocupava, tendo-se desfiliado do partido que ajudou a fundar com Santana. E há menos de duas semanas, Francisco Tomás Ribeiro bateu com a porta, demitindo-se primeiro do cargo de vice-presidente da direcção política nacional e saindo do partido de seguida.

“A minha decisão não é uma decisão tomada a quente. É uma decisão que foi tomada depois de uma longa reflexão”, afirmou ao PÚBLICO Pedro Escada, reconhecendo que a data que escolheu para se desvincular do partido “não é ingénua”. A sua carta de demissão e também de desfiliação foi apresentada nesta segunda-feira, um dia depois de ser conhecida publicamente a decisão de Santana Lopes deixar a Aliança, que levou a que outros militantes desvinculassem também.

Escada era o último elemento da mesa do congresso que estava em funções e a sua demissão vai obrigar a que direcção tenha de convocar uma reunião do senado nacional – o órgão mais importante entre congressos, sendo equivalente ao conselho nacional no PSD e à comissão nacional no PS – para eleger um novo órgão.

O presidente do partido, Paulo Bento, garantiu ao PÚBLICO que não é preciso convocar um congresso para a eleição da nova mesa. “A direcção nacional da Aliança vai convocar o senado e vai incluir na ordem de trabalhos a eleição da mesa do congresso. Depois, quem quiser candidata-se “, acrescentou Paulo Bento.

Em Dezembro, a então presidente da mesa do congresso, Ana Costa Freitas, demitiu-se do cargo e do partido, dois dias após o senado nacional se ter reunido para decidir dar liberdade de voto aos militantes nas eleições presidenciais. Dois meses antes, tinha-se desfiliado Teresa Simões Carvalho, que era secretária da mesa.

O até agora dirigente nacional do partido assume que a saída de Pedro Santana Lopes fez com que a sua motivação para continuar no projecto não fosse “tão grande”. Já sobre as” divergências internas” que a Aliança conhece, neste momento, Escada não se quer pronunciar, embora as admita, e promete “continuar atento e interventivo sempre que se justifique”.

Na carta da formalização da sua saída, Pedro Escada, que foi assessor do ex-presidente da Câmara de Viseu, Fernando Ruas, pede desculpas a quem desiludiu ou falhou no exercício nas funções que desempenhou nos últimos dois anos e revela que a decisão de se demitir e de se desfiliar “é resultante de uma longa reflexão” que fez desde o último congresso em Torres Vedras, em Setembro, mas não se alonga nas razões de fundos que o levaram a romper. “No momento em que Pedro Santana Lopes deixa o partido que fundou, nada mais me prende à missão Aliança”, escreveu na carta onde refere que sai com o sentimento do dever cumprido e com “belas recordações”.

Assumindo que “em política nunca se deve dizer nem sempre nem nunca”, Escada (que deixou o PSD para fundar com Santana a Aliança) diz que não pretende regressar ao partido onde militou quase 30 anos.

Já Francisco Tomás Ribeiro anunciou a sua desfiliação do partido e demissão do cargo de vice-presidente da direcção política nacional na sua página no Facebook, no dia 16 de Janeiro, onde escreveu: “Estou completamente desiludido consigo. Está a matar o que criou (…)”, numa alusão a Santana Lopes, actual presidente da Fundação Ricardo Espírito Santo. Nesse dia, Santana deu uma grande entrevista ao Sol onde assumia que o projecto Aliança tinha “falhado” e deixava no ar a possibilidade de regressar ao PSD.

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