“Cresce e aparece”, dizem eles. E apelam ao voto nas presidenciais

A página Cresce e Aparece foi criada por 13 jovens para informar os cidadãos sobre as eleições presidenciais portuguesas e apelar ao voto a 24 de Janeiro. “Queremos puxar pelo dever cívico, o voto de forma consciente, e fazer com que não haja abstenção.”

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Benedita Magalhães, estudante de Direito na Universidade Católica do Porto, apercebeu-se, em Novembro, que “os portugueses e o mundo” dão muita importância às eleições dos EUA. “As pessoas estão interessadas pela política de outro país, mas e em Portugal? Aquilo que nos está mais perto, aquilo que efectivamente pode mexer com a forma como vivemos?”, pensou. E assim surgiu a ideia de fazer nascer o movimento Cresce e Aparece, página de Instagram onde é partilhado conteúdo informativo, esclarecedor e apartidário, com o objectivo de apelar ao voto nas presidenciais portuguesas de 2021, que se realizam a 24 de Janeiro.

Nas últimas presidenciais, em 2016, a abstenção passou um pouco mais de 50%. “Queremos puxar pelo dever cívico, o voto de forma consciente, e fazer com que não haja abstenção, que tem sido alta”, explica Benedita. “A política não é uma coisa que se tem interesse ou não: é algo que nos rodeia em todos os aspectos da nossa existência, porque vivemos numa sociedade”, ressalva. O voto é, por isso, “um instrumento para, de certa forma, influenciar o que se passa": “Não ir votar, ou fazê-lo de forma pouco informada, faz com que depois não se possa reclamar sobre as coisas correrem mal”, acrescenta.

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Benedita Magalhães, estudante de Direito de 22 anos, teve a ideia de criar o movimento "Cresce e Aparece", que conta com quase 10 mil seguidores no Instagram.

A página nasceu com a ideia de Benedita, mas só ganhou forma quando a jovem escolheu 12 amigos, que tal como ela não têm filiações partidárias, para fazer parte deste projecto. Têm entre 19 e 25 anos e são maioritariamente do Porto  apenas uma pessoa é de Lisboa. Alguns são estudantes, outros trabalhadores, quase todos de áreas diferentes: Direito, Enfermagem, Engenharia, Relações Internacionais, Ciência Política, Economia, Design, Gestão, Som e Imagem e Comunicação e Marketing. “Tentamos que cada um aplique aquilo que retirou da sua formação”, justifica Benedita, de 22 anos, em conversa com o P3.

Uns conheceram-se no ensino secundário, outros na universidade, por amigos em comum ou em projectos de voluntariado. Em relação ao interesse pela política, “têm uns mais do que outros”. Benedita conta que esta iniciativa surgiu “como forma de informar os outros”, mas também para os próprios criadores do movimento “aprenderem mais”.

Criaram a página a 25 de Novembro de 2020, praticamente mal tiveram a ideia. Assim, uma vez que “surgiu já muito em cima das eleições”, fizeram uma “divisão de tarefas”, até para não se sentirem “sobrecarregados” de trabalho, visto que todos têm outras ocupações. Enquanto uma equipa trata dos conteúdos, outra é responsável pelo design, por exemplo. Há ainda quem aborde figuras públicas para “mobilizarem as pessoas” para o voto e quem ande na rua, a conversar e distribuir panfletos, para “chegarem a mais pessoas que não têm acesso à informação ou que não a procuram” (devido ao contexto pandémico, só fizeram uma acção destas, a 9 de Janeiro, em Matosinhos).

No arranque da página, apresentaram informação base, “certos conceitos de direito constitucional, para as pessoas não serem logo bombardeadas com o que envolve as eleições”. O objectivo é “descomplicar política”, explicando, por exemplo, “o que o Presidente da República pode fazer e como é que funciona o sistema” eleitoral. Ao começar pelos conceitos iniciais, quando abordam um tema mais específico, “as pessoas já têm bagagem suficiente para compreenderem o mínimo daquilo que se está a passar”. Há uma “investigação minuciosa” antes de serem publicados os conteúdos, informação que é encontrada “nos órgãos de comunicação social portugueses” e nos sites do Governo.

É uma página feita por jovens, pode ter “um ar jovial”, assim como o nome, mas querem “atingir todas as faixas etárias”. O nome é Cresce e Aparece para “distinguir de outros nomes clássicos”, mas também para “exigir a maturidade às pessoas que podem participar na democracia”. “Está na altura de as pessoas se chegarem à frente e, com este nome, quisemos transmitir essa ideia mais forte”, refere.

A informação partilhada é semelhante à do movimento Eu Voto, que conta com o apoio da Comissão Nacional de Eleições. “Ficamos contentes por existirem mais pessoas dispostas a dar o seu tempo e a trabalhar para ajudar a descomplicar o tema. O que interessa é chegarmos a um maior número de pessoas, que descompliquem e que votem”, diz Benedita, acrescentando que esta é uma iniciativa voluntária. “Temos tido uma grande afluência de questões e tentamos respondê-las ao máximo”, garante.

Para já, estão presentes no Instagram, por ser uma ferramenta que atrai “uma atenção tremenda”. “Para dinamizar a página”, criaram dois filtros, até para chegar às figuras públicas: “Eu vou votar! E tu?” e “Vota, Vota, Vota”. Como “um incentivo para que os utilizadores dos filtros votem, mas também para partilharem e puxarem uns pelos outros”.

Texto editado por Amanda Ribeiro

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