Apoio à independência cresce e SNP aponta a maioria recorde na Escócia

Sondagem atribui 71 dos 129 lugares do parlamento regional ao partido de Sturgeon e dá 57% ao “sim” à secessão escocesa do Reino Unido.

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Manifestação em Edimburgo a favor da independência da Escócia, no início de 2020 ROBERT PERRY/EPA

O Partido Nacional Escocês (SNP) está bem posicionado para alcançar uma maioria parlamentar recorde nas eleições de Maio, numa altura em que o “sim” à independência da Escócia continua a aumentar, sugere uma sondagem publicada nesta quinta-feira pelo jornal The Scotsman.

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O Partido Nacional Escocês (SNP) está bem posicionado para alcançar uma maioria parlamentar recorde nas eleições de Maio, numa altura em que o “sim” à independência da Escócia continua a aumentar, sugere uma sondagem publicada nesta quinta-feira pelo jornal The Scotsman.

O inquérito realizado pela Savanta ComRes atribui 71 dos 129 lugares do parlamento de Holyrood, em Edimburgo, ao partido da primeira-ministra, Nicola Sturgeon, e coloca o apoio à secessão escocesa do Reino Unido na casa dos 57% (excluindo os 10% de indecisos).

A confirmarem-se estas previsões, o SNP somaria mais oito deputados à sua bancada e alcançaria a maioria absoluta da câmara legislativa – só o conseguiu uma vez, em 2011, quando elegeu 69 deputados. 

Para além disso, a sondagem sugere que o Partido Conservador pode perder 14 dos 31 deputados que tem e que o Partido Trabalhista pode perder três dos actuais 21. Um cenário que também atesta as dificuldades dos principais partidos britânicos em fazer oposição ao SNP na Escócia.

No que toca à questão independentista, o apoio à secessão é maioritário nas sondagens desde Março do ano passado, sendo mesmo o mais longo período de liderança do “sim” sobre o “não” desde que há inquéritos sobre tema.

Estes dados são relevantes para o futuro próximo do país, uma vez que o SNP pretende fazer das eleições regionais de 6 de Maio um autêntico levantamento cívico e popular de reivindicação de um novo referendo à independência – perspectiva-se mesmo um programa eleitoral quase totalmente focado nessa causa.

Mandato renovado?

Nos termos do Scotland Act, de 1998, o parlamento escocês não tem competência para legislar sobre matérias reservadas ao Parlamento nacional, em Londres, nomeadamente sobre questões relacionadas com a “união dos reinos da Escócia e de Inglaterra”, pelo que necessita de autorização de Westminster e do Governo para agendar nova consulta secessionista.

Em 2014, e depois de ter conseguido essa autorização dois anos antes, 55% dos escoceses chumbaram, no entanto, a separação com o Reino Unido

Já no cargo, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, catalogou o referendo como um “evento de uma geração” e recusou reabrir o debate.

Sturgeon agarra-se, porém, aos resultados do referendo do “Brexit”, de 2016, na Escócia – 62% contra a saída da UE –, ao abandono do Reino Unido do mercado único e da união aduaneira europeia, e ao desempenho sensacional do SNP nas legislativas nacionais de 2019 – conquistou 48 dos 59 lugares em disputa –, para argumentar que tem um mandato renovado para exigir um novo referendo independentista num futuro próximo.

Sturgeon e a pandemia

As boas perspectivas que esta sondagem – realizada entre 8 e 13 de Janeiro e que contou com a participação de 1016 pessoas – atribui aos objectivos políticos do SNP e da primeira-ministra escocesa não se limitam apenas às questões do “Brexit” ou do independentismo como bandeira emocional e política.

Segundo a informação recolhida pela Savanta ComRes, 46% dos habituais eleitores trabalhistas, 35% dos tradicionais eleitores conservadores e 59% do total de participantes do inquérito têm hoje uma opinião mais positiva sobre Sturgeon, do que aquela que tinham antes da pandemia.

“A gestão de Sturgeon da pandemia melhorou a sua reputação entre fatias consideráveis de eleitores trabalhistas e conservadores e a resposta do SNP à crise faz com que haja eleitores a considerarem votar no partido em Maio”, refere Chris Hopkins, director associado na Savanta ComRes, citado pelo The Scotsman.

“O [combate ao] coronavírus é a mais importante política pública que o poder descentralizado teve de lidar desde 1999”, sublinhava, em Setembro, o professor de Ciência Política da Universidade Strathclyde (Glasgow), John Curtice, ao The Guardian.

“Há uma enorme diferença na percepção pública sobre a forma como os governos da Escócia e do Reino Unido o têm gerido. E já não são apenas os eleitores do ‘sim’ [à independência] a dizer: ‘Nicola [Sturgeon] caminha sobre a água”, considera o académico.