Tiago Mayan Gonçalves e Vitorino Silva à volta da pandemia

O repetente na corrida a Belém revelou que a 7 de Outubro alertou Marcelo Rebelo de Sousa para riscos de uma campanha em plena crise sanitária.

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Vitorino Silva e Tiago Amyan Gonçalves antes do denate LUSA/PEDRO PINA
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Era inevitável. Com o país a sofrer em três dias mais de 30 mil novos casos de infecção por SARS-CoV-2 e a atingir 118 mortes nesta sexta-feira, a pandemia teria de ser o tema central do debate entre o fundador da Iniciativa Liberal Tiago Mayan Gonçalves e o homem que repete a ofensiva a Belém Vitorino Silva.

O tema revelou-se pedagógico. As diferenças foram notórias: no pressuposto do raciocínio de Mayan; na conclusão de Vitalino. Ou seja, houve política. Sem tensões, gritos, foram marcadas diferenças.

Talvez consciente disso, o advogado portuense de 43 anos, quando foi abordada a questão da TAP, deixou escapar o seu contentamento. “Temos estabelecida aqui uma diferença”, proclamou. Mas não. Ela já fora marcada antes, estava desenhada uma fronteira. De enfoque. E, sobretudo, de percepção.

“O país não aguenta novo confinamento geral. Temos de olhar mais em concreto os grupos mais vulneráveis, de forma mais robusta. A gente mais nova sofre com as medidas mais cegas e avulsas”, disse Tiago Mayan. Falou, a seguir, da necessidade de utilizar a capacidade total instalada na luta contra a pandemia, não excluindo os privados já envolvidos na testagem.

“Os outros países europeus não têm esta dimensão de mortos não covid, na generalidade dos países europeus isto não ocorreu”, prosseguiu o candidato liberal. “Somos um país pobre, este é o problema de base, por mais percentagem que atribuamos à saúde”, lamentou depois de ter percorrido a geografia dos ricos da União Europeia. Criticou, ainda, o executivo: “O Governo perdeu o rasto a 80% das razões de contágio.” E disparou que os apoios governamentais vêm envoltos numa enorme, vasta e complexa burocracia.

“Temos de parar todos ao mesmo tempo, foi o que não aconteceu em Março”, comentou Vitorino Silva, 49 anos, calceteiro e ex-presidente de junta de freguesia. “Nunca vi nenhum político a fazer milagres, temos de defender o nosso povo”, sentenciou. E revelou que, em audiência em Belém, a 7 de Outubro, alertou Marcelo Rebelo de Sousa para os riscos de uma campanha em tempos de pandemia.

“O Estado não pode inventar médicos”, referiu. “Porque tiveram tanta pressa em levantar os hospitais de campanha?”, perguntou, lançando farpas às taxas que, então, há quase um ano, foram impostas e, depois, retiradas.

Vitorino foi prático. Não falou de preconceitos ideológicos a favor do público contra o privado, como o seu oponente no ecrã da RTP3: “Se o público não chega, também os privados, o importante é antecipar.” A previsão é uma característica da gestão pública e condição da política.

“Eu vou ao meu hospital público, mas não sou contra os privados. Há pessoas que não podem pagar a taxa moderadora, revelou. A diferença estabelecida não é de conceito, mas de vivência. Mais um exemplo revelador. A propósito dos custos, Vitorino Silva foi claro sobre o valor de 12 mil milhões de euros. “Esta é a prioridade, há dinheiro noutras áreas, meteu-se dinheiro nos bancos, no aeroporto, metam na saúde.”

Sobre as sondagens, o já veterano na corrida a Belém garantiu que o seu gabinete é a rua. “Os únicos que não sabem que sou candidato são as empresas de sondagens”, disse, com sorna. E explicou os antecedentes de há cinco anos. Então, Tiago Mayan Gonçalves comentou: “Isso também me dá esperança.”

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