A Câmara de Valongo está a reaproveitar máquinas de lavar e secar, transformando-as em abrigos para gatos. As “casotas”, como lhes chama o Centro Veterinário de Valongo, destinam-se a gatos de colónias de rua e já estão a ser instaladas.
“Começámos no ano passado o programa de esterilização”, conta Fernando Rodrigues, médico veterinário do município de Valongo, ao P3. Até agora, a autarquia já recolheu 112 animais e devolveu-os à rua, seguindo o método CED, que pressupõe a captura, esterilização e devolução dos gatos às colónias, como forma de controlo das populações.
Está prevista a existência de um cuidador que os alimenta, mas “mas na lei nada prevê o alojamento dos animais”, refere o médico veterinário, acrescentando que “dessa necessidade surgiu a ideia” de assim dar uma segunda vida aos electrodomésticos.
As máquinas são dos próprios munícipes e são recolhidas ao domicílio. “Ao saberem da iniciativa, as pessoas têm telefonado e dado as suas máquinas”, diz Fernando Rodrigues. De quinta para sexta-feira, por exemplo, já foram recolhidas seis máquinas, que vão ser entretanto depositadas no ecocentro.
“A colocação da máquina” na rua como um abrigo, conta o veterinário municipal, “acaba ainda por ser um marco” do trabalho realizado pela autarquia na esterilização e cuidado dos felinos, acabando por transmitir aos moradores a relevância do programa CED.
Os gatos destas colónias são muito territoriais e, por mais que não estejam num espaço vedado, “não saem muito dali”, conta o veterinário. “Ao colocar uma máquina, eles vêem-na como deles e adquirem-na como um espaço para pernoitar.”
Já em 2018, a ideia surgiu em Monchique, no Algarve, partindo “da médica veterinária municipal, ao verificar que duas gatas procuravam abrigo no interior de uma máquina de lavar roupa avariada”. Também em Valongo as máquinas foram decoradas para serem utilizadas como abrigo, mas a ideia terá surgido ao ver uma fotografia no Pinterest.
Texto editado por Amanda Ribeiro