Separados à nascença? Estes gatos parecem-se com estes humanos (e vice-versa)

Gerrard Gethings viajou pelo Reino Unido em busca de gatos exóticos para fotografar — e depois procurou os humanos com que mais se assemelhavam. O resultado é um jogo de memória, construído com muita paciência para lidar com os felinos mais irrequietos.

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À direita, Gunther; à esquerda, Albert, um Exotic Shorthair (exótico de pêlo curto) Gerrard Gethings
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De chapéu está Dominic; o gato é Merlin, um Blue Maine Coon Gerrard Gethings
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À esquerda, Nancy; a condizer está Buttons, um Scottish Fold Gerrard Gethings

Existe um debate constante entre amantes de cães e amantes de gatos sobre a personalidade dos últimos. Os gatos querem ou não saber de nós? Os gatos pensam ou não no nosso bem-estar? Gerrard Gethings acha que não, mas de uma coisa tem a certeza e as suas fotografias assim o tentam demonstrar: há muitos gatos que se parecem com pessoas e vice-versa.

Gethings é um fotógrafo inglês de Wigan, baseado em Londres, e tem-se especializado em fotografar animais. Agora, tem as suas fotografias no jogo de memória “Do You Look Like Your Cat?” (do inglês, “És Parecido Com O Teu Gato?”), lançado a 12 de Outubro, em que as cartas mostram gatos e pessoas com muitas semelhanças.

Para o fotógrafo, que já criara um projecto semelhante com cães, os gatos são “muito mais desconfiados”, pelo que fotografar os felinos foi um desafio muito maior. “Eu conduzia cinco horas, montava o equipamento, o que consome muito tempo, e o gato decidia que não trabalhava connosco e escondia-se”, conta ao P3.

Alexis está à esquerda e é acompanhado por Camilla, da raça Sphynx (esfinge) Gerrard Gethings
O senhor de cabelo descontrolado é Henry; a gata de olhar surpreendido é Carlotta Gerrard Gethings
De bege, desconfiado, está Matthew; o gato nada satisfeito com o fotógrafo é Hubert, um abissínio. Gerrard Gethings
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Alexis está à esquerda e é acompanhado por Camilla, da raça Sphynx (esfinge) Gerrard Gethings

Além disso, manter um gato quieto para posar é uma tarefa hercúlea. O objectivo era “tirar uma foto de frente, porque é a forma mais fácil de condizer com uma cara humana”, explica. “Mas isso pode não acontecer. Muitos gatos brincam, eles não conseguem resistir. Quando vêem alguma coisa como um anel ou um laser, têm de brincar. Mas ao pô-los a brincar, conseguimos fotografá-los.”

Só se aceitam gatos “peculiares”

Gethings não é o dono dos 25 gatos fotografados para o jogo (29, se contarmos com os quatro que foram visitados, mas simplesmente não cooperaram). Para os encontrar, publicou na sua conta de Instagram fotos ou descrições de gatos “peculiares” e “invulgares”, pedindo às pessoas que enviassem fotos de animais com estas características. 

“O que aconteceu muito foi que as pessoas pensam que o seu gato é extraordinário: acho que 80% das fotografias [que recebi] eram só de gatos normais que vemos todos os dias”, diz. Mas as pessoas pensam que, porque é o seu gato, é especial, como acham das suas crianças. Vemos os nossos gatos e pensamos que são a coisa mais linda do mundo quando na realidade são gatos castanhos aborrecidos”, graceja.

Jasper, um bengal, não conseguiu ficar imóvel para a fotografia... Gerrard Gethings
... portanto Tom acompanhou-o no salto Gerrard Gethings
Nicola, um oriental shorthair, também só posou de perfil Gerrard Gethings
A foto de Nicola fez o fotógrafo lembrar-se de uma amiga pugilista, Chloë Gerrard Gethings
Minou parece ter aprovado a fotografia Gerrard Gethings
E Nick foi o humano que imitou o birmanês vermelho Gerrard Gethings
Buttercup, ou persa creme, levou um pequeno banho antes da foto Gerrard Gethings
Arlo seguiu o exemplo Gerrard Gethings
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Jasper, um bengal, não conseguiu ficar imóvel para a fotografia... Gerrard Gethings

Também aconteceu receber fotos de gatos exóticos, que depois percebia que estavam na América do Sul ou na Austrália. “Não consigo justificar essa viagem”, lamentava.

Feita a selecção, Gethings  partiu para fotografar os gatos primeiro, as pessoas depois — que, diga-se, não são os verdadeiros donos dos irrequietos felinos. Mais uma vez, através do Instagram, publicou fotografias dos gatos, perguntando aos seus seguidores se conheciam alguém com marcas na cara ou profissões que condiziam com a pose que o animal fazia (como um gato que parecia um pugilista).

Cães são mais fáceis de lidar

Antes deste jogo, Gerrard Gethings já tinha criado um semelhante, mas com cães. Foi inspirado no seu próprio cão e “muito bem recebido”. “As pessoas adoraram-no”, realça.

Fotografar cães, diz, é muito mais mais fácil: basta ter comida. “Os cães são obcecados por comida. Eu segurava a comida, o cão olhava para ela, fixava-a e olhava para qualquer direcção, como um modelo! Consegues que olhem para baixo ou que levantem o queixo, consegues que inclinem a cabeça um pouco. E os cães tiram prazer de te fazer feliz, acho. Se as pessoas reagirem bem, eles ficam felizes”, garante.

Já os gatos “não são assim”. “Não acho que eles tenham qualquer interesse em fazer-te feliz.” Além disso, enquanto os cães foram fotografados no seu estúdio às dezenas por dia, onde conseguia que permanecessem quietos, os gatos tiveram de ser visitados nas suas casas, obrigando Gethings a percorrer o Reino Unido, do norte da Escócia ao sul de Inglaterra, durante um ano.

Um jogo infantil adorado por adultos

Com tantas fotografias enternecedoras de gatos a fazer caretas, gatos a dar saltos e gatos a piscar o olho, é fácil esquecer que este é um jogo de memória, feito para crianças. Está à venda em lojas no Reino Unido ou online em plataformas como a Amazon (por cerca de 15 euros). A produção não foi de todo influenciada pela pandemia, já que o projecto arrancou há dois anos e as sessões com os felinos terminaram em Dezembro.

Gethings espera que o jogo dos gatos seja tão popular como o primeiro, que vendeu “centenas de milhares de exemplares”. E que fez sucesso sobretudo entre os amantes de cães. “Muitas pessoas compraram o jogo porque gostam das fotografias nas cartas. Há muito conteúdo online engraçado sobre gatos, mas não há muita qualidade porque é difícil fotografá-los. Como não há acesso a esse tipo de imagens, acho que será interessante para as cat people verem gatos de diferentes formas e tamanhos”, diz.

O fotógrafo confessa que até o filho ignora as regras, preferindo agrupar apenas as pessoas e os felinos. Mas, ainda assim, explica como se joga. “Pões as cartas viradas para baixo e, por turnos, viras uma carta de cada vez. Olhas para ela e voltas a colocá-la no lugar. Tens de te lembrar onde e em que carta pegaste para que possas corresponder as novas cartas com as que viste. Quando agrupares um par, ficas com o par. A pessoa com mais pares no final do jogo, ganha.” Vai uma partida?

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