Ho, ho, ho! Por todo o mundo, o Pai Natal já veste a farda

A indumentária clássica ou em versão drag, de máscara ou viseira, de luvas e desinfectante. Do Líbano à Nigéria, os pais Natal começam a trajar. Une-os o desejo de um futuro sem covid-19. E as mensagens de afecto: neste Natal... “façam algo simpático por um estranho”.

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Um fato vermelho com acabamento branco e uma barba farfalhuda são, há muito, a imagem de marca do Pai Natal. Mas esta figura alegre, que leva alegria a todo o mundo, aparece em diversos disfarces, de todas as formas e feitios.

Neste ano marcado pela pandemia de covid-19 há, no entanto um desejo que une todos os que dele se vestem, desde o Líbano à Nigéria.

“A minha mensagem de Natal para o mundo é para serem queridos para todos, num momento em que estamos todos isolados”, disse à Reuters Olivier Levi-Malouf, 22 anos, que actua como Mãe Natal drag no Imperial Hotel, em Sidney, com lábios pintados de vermelho e um intenso eyeliner

Olivier Levi-Malouf vestido com uma Mãe Natal drag queen no Imperial Hotel, onde faz performances de drag durante o ano.

REUTERS/Loren Elliott

Dmitry Slekter, reformado com 71 anos, trabalho numa fábrica de vidro. Agora é Pai Natal no Cazaquistão. "Que todas as guerras acabem no próximo ano, a estabilidade volte e a pandemia acabe", deseja.

REUTERS/Pavel Mikheyev

Levi-Malouf veste o fato para um evento natalício dedicado aos mais jovens no hotel, onde entrega presentes com um travessão em forma de um pássaro e repleto de penas. 

“Respira, simplesmente respira”, é o conselho de Dana Friedman, que se veste de Pai Natal desde que quis consolar os primeiros agentes e as suas famílias depois dos atentados do 11 de Setembro de 2001. 

Dana Friedman vai doar brinquedos a crianças num hospital em Brooklyn

REUTERS/Caitlin Ochs

Friedman, advogado de 61 anos, aconselha as pessoas a aproveitarem esta altura do ano para apreciar a beleza e o bem no mundo. “E enquanto fazem isso, façam algo simpático a um estranho”, disse. “Mas não lhes digam que o fizeram… deixem-nos retribuir como entenderem.”

O músico de mambo japonês Paradise Yamamoto veste-se de Pai Natal há 23 anos e tira uma certificação anual que, garante, não é nada fácil. “Fui testado para ver o quão rápido comia biscoitos de gengibre, subia chaminés, e se era capaz de dar uma gargalhada alegre com um bom “ho, ho, ho”, referiu.

Paradise Yamamoto é um Pai Natal certificado pela Greenland Santa Claus Association

REUTERS/Issei Kato

Yamamoto quer assegurar às crianças que o Pai Natal vai aparecer nas suas casas este Natal. “Nunca ouvi falar de um Natal onde o Pai Natal não aparecesse”, afirmou o homem de 58 anos, que também é dono e chef de um restaurante.

“Talvez tente entrar nas casas de uma forma diferente da habitual, mas vou, certamente, visitar as casas de todos — depois de, claro, lavar as minhas mãos, gargarejar, desinfectar as solas dos meus sapatos e tomar as medidas adequadas para evitar a propagação do vírus.

Melissa Freiha, em Beirute, no Líbano. "Este ano, como o nosso mundo está a mudar, o simples acto de receber o Pai Natal na nossa casa é desafiar os constrangimentos a que a pandemia nos forçou."

REUTERS/Emma Freiha

Vladim Lavrov no seu fato de Pai Natal, antes de fazer uma performance para crianças com deficiência em Moscovo, Rússia

REUTERS/Shamil Zhumatov

As crianças que estão entusiasmadas por ver o Pai Natal devem, no entanto, tomar nota do aviso deste actor mexicano e director da companhia de teatro Alejandro Zelayaran. “Não vou visitar crianças que não respeitaram os seus pais, não tiveram cuidado com a covid-19 e fizeram piadas sobre os seus professores durante as aulas virtuais”, garantiu.

Zelayaran, que vai usar viseira enquanto estiver a distribuir os presentes num orfanato na Cidade do México, enfatiza a importância da família. “A fé e a esperança devem mover os corações da humanidade”, afirma o homem de 43 anos. “Quero ver as famílias a olharem umas pelas outras e a saber que, mesmo longe, o amor e a esperança devem prevalecer.”

Limachem Cherem, 64, dirige uma escola para pais Natal no Rio de Janeiro e vai passar mais tempo no seu estúdio, durante este mês, a elevar os espíritos das crianças através de mensagens gravadas e directos. Também ele encoraja as pessoas a aproximarem-se umas das outras.

Limachem Cherem tem uma escola de Pais Natal no Rio de Janeiro.

REUTERS/Ricardo Moraes

Daniel Edidiong: "Normalmente uso luvas de Pai Natal, mas este ano vou usar luvas de borracha e, de cada vez que entregar um presente, vou desinfectar as mãos."

 REUTERS/Afolabi Sotunde

“Peguem no telefone, mandem mensagens, não custa muito com a Internet”, refere o homem jovial com uma barba grande. “Já que não nos podemos abraçar, envia uma mensagem de paz a um amigo. Ele pode precisar enquanto está em casa.”

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