Liderança do Sporting não surpreende Jorge Jesus

Na antevisão da partida do Benfica na Madeira com o Marítimo, o técnico dos “encarnados” defendeu Taarabt e desvalorizou os problemas defensivos da equipa.

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LUSA/Jakub Kaczmarczyk

O treinador do Benfica, Jorge Jesus, saiu neste domingo em defesa do futebolista Taarabt, que disse esta semana que o FC Porto é o maior rival dos “encarnados”, motivando uma reação do técnico do Sporting, Ruben Amorim.

“A nossa comunicação [social] desportiva é um pouco complicada, porque fazem de uma palavra aquilo que o jogador possa querer dizer. E o jogador teve a opinião dele. Para ele, o rival que pode ser mais complicado é o FC Porto. É uma opinião dele. Ele não pode ter opinião? Ofende alguém? Prejudica alguém?”, questionou o técnico do Benfica.

Em entrevista ao diário desportivo Record, o médio marroquino não se mostrou surpreendido com a liderança dos “leões” na I Liga, mas referiu que o FC Porto é o “maior adversário” das “águias”, o que levou Ruben Amorim a agradecer porque, segundo argumentou, até o ajudava a motivar os seus jogadores.

Em conferência de imprensa de antevisão da partida com o Marítimo, na segunda-feira, da oitava jornada da I Liga, Jesus não escondeu alguma irritação com o destaque que tem sido dado às palavras do seu jogador e desvalorizou a sua importância.

“Hoje, fazemos muito de uma palavra um contexto que não tem significado. Apesar de esta ser uma opinião, não vejo onde é que isso pode agredir ou denegrir qualquer equipa. Para mim, isso não tem cabimento”, concluiu o técnico.

Até porque, sublinhou, não está nada surpreendido por o Sporting estar em primeiro lugar, uma vez que os orçamentos não são “determinantes” e o campeonato “vai ter várias oscilações de classificação”, apesar de admitir que, “como é óbvio, é melhor andar em primeiro do que em segundo”.

“A surpresa de o Sporting há duas jornadas estar em primeiro não me surpreende nada. Já foi o Benfica, hoje é o Sporting, amanhã pode ser o FC Porto. São equipas com capacidade para isso e o que sei é que vai ser um campeonato competitivo e o mais importante é chegar ao fim em primeiro”, defendeu.

Para a viagem ao Funchal, o técnico confirmou que ainda não poderá contar com Julian Weigl, Darwin Núñez e Taarabt, que tiveram testes com resultado positivo para o novo coronavírus, assim como com os lesionados Nuno Tavares, Pedrinho e Todibo, além de André Almeida, que deve estar ausente até ao final da época.

Uma deslocação que Jorge Jesus antevê complicada, porque “o Marítimo tem sempre boas equipas”, mas em que o acumulado de jogos, no entender do técnico, “não tem influência nenhuma”.

Quanto às debilidades defensivas apontadas anteriormente pelo próprio técnico, Jorge Jesus fez questão, desta vez, de sair em defesa da sua equipa, relativamente aos dois golos sofridos na quinta-feira, frente ao Rangers, em partida da Liga Europa, que os “encarnados” empataram 2-2.

“Cada jogo onde sofres golos tem histórias diferentes. E penso que os dois golos que sofreste em Glasgow são mérito de quem ataca, não porque quem defende estivesse mal. Os dois golos que sofremos na Escócia são mérito do adversário, portanto não contabilizo esses dois golos como alguns dos que nós sofremos, porque em termos de organização defensiva não estivemos bem”, sustentou.

Desafiado a comentar uma semana em que “desapareceram” várias figuras icónicas do futebol português, além do antigo jogador da selecção argentina, considerado um dos melhores jogadores de sempre, Jesus socorreu-se do exemplo dos “dois grandes jogadores do mundo, hoje”, para exaltar o “génio” do campeão do mundo em 1986.

“Maradona é um jogador de topo do mundo, como todos são, mas tinha paixão pelo jogo. Nasceu para ser jogador de futebol, com tudo, com talento, não é um produto trabalhado, criado, já nasceu assim. Depois, todo o amor, todo o sentimento que tinha com a bola, com o jogo, que penso que hoje os dois grandes jogadores do mundo, o [Cristiano] Ronaldo tem um pouquinho disso, o Messi não tem nada”, afirmou o treinador dos “encarnados”.

Jesus não teve dúvidas em afirmar que o antigo craque argentino foi, na sua opinião, “o maior jogador da história” e frisou que “a forma como demonstrava” a paixão que nutria pelo futebol é que fazia “a diferença do Maradona”.

“Não estou a dizer que [Messi] não tem nada de paixão. De grande jogador é, por isso é que estou a dizer os dois grandes jogadores do mundo. Para não me entenderem mal, não estou a dizer que o jogo dele não tem paixão, o jogo que ele demonstra para os outros. Agora, aquilo que é a vida e o sentimento de ter paixão pelo jogo e pelo futebol, penso que Maradona até nisso é destacado em relação aos outros”, justificou.

Ainda a falar sobre os melhores, mas em outro momento da conferência de imprensa de antevisão da partida com o Marítimo, Jorge Jesus desvalorizou o facto de não estar entre os candidatos à eleição de melhor treinador do mundo, depois de ter conquistado a Taça dos Libertadores, e elegeu o técnico que o derrotou na final do Mundial de clubes.

“Se o Flamengo tivesse sido campeão do mundo, o treinador que tinha de ser destacado no mundo tinha de ser eu. Como não fui, só pode ser um: [Jürgen] Klopp! Mais nenhum”, considerou o técnico do Benfica.

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