Elmano Sancho e o falhanço da família perfeita

Maria, a Mãe é a primeira parte de uma trilogia que o autor e encenador criou baseando-se nos oratórios portáteis. O falhanço e o fracasso perante o divino são escalpelizados no Teatro Trindade, desta quinta-feira a 20 de Dezembro, partindo depois em digressão.

Actriz Custódia Gallego, uma mãe tomada pela dor e pela memória,
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Actriz Custódia Gallego, uma mãe tomada pela dor e pela memória, filipe ferreira
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Filipe Ferreira
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Elmano Sancho lembra-se bem de ver circular um oratório portátil pelas casas das famílias do lugar onde cresceu. O oratório como pequena caixa de madeira habitada por imagens devotas, abrigando José, Maria e Jesus como “a família perfeita”, o exemplo que todos os lares deveriam perseguir e tentar (em vão) alcançar. Na porta lateral esquerda, uma listagem dos assinantes que desejavam acolher o oratório em casa e tomá-lo como modelo. Foi nesta imagem da Sagrada Família que o encenador, dramaturgo e actor começou a pensar há uns anos, quando decidiu “escrever sobre o pai na ausência da mãe, sobre a mãe na ausência do pai e sobre o filho na ausência dos dois”. Maria, a Mãe, a peça que estará em cena no Teatro da Trindade, Lisboa, entre esta quinta-feira e 20 de Dezembro (com apresentações em Vila Nova de Famalicão a 22 e 23 de Janeiro, Faro a 28 de Janeiro, e Funchal, Castelo Branco e Ponte de Lima em Fevereiro), é a primeira parte de uma trilogia que Elmano Sancho dedicará a cada uma das figuras, atraído por esta comparação com “figuras difíceis de igualar”. “Não estou a defender que a família da Nazaré seja perfeita, mas a tentativa de igualar algo perfeito é, logo à partida, um sinal de incapacidade, de falha, de fracasso.”

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