Mala Ciao: PJ recolhe documentos sobre negócios do Benfica com Académica

Autoridades consultaram informações relativas aos negócios de Chiquinho e Pedro Nuno, no âmbito do Processo Mala Ciao, apurou o PÚBLICO. Benfica e Santa Clara alvo de buscas na manhã desta segunda-feira.

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SAD do Benfica foi alvo de investigações esta segunda-feira REUTERS/MATTHEW CHILDS

A Polícia Judiciária consultou, esta segunda-feira, documentação relativa às transferências de Chiquinho e Pedro Nuno da Académica para o Benfica, no âmbito da Operação Mala Ciao. A acção das autoridades foi confirmada ao PÚBLICO pelo vice-presidente do clube, Afonso Pedro, que deixou claro que a investigação não envolve o clube da Briosa.

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A Polícia Judiciária consultou, esta segunda-feira, documentação relativa às transferências de Chiquinho e Pedro Nuno da Académica para o Benfica, no âmbito da Operação Mala Ciao. A acção das autoridades foi confirmada ao PÚBLICO pelo vice-presidente do clube, Afonso Pedro, que deixou claro que a investigação não envolve o clube da Briosa.

“Não fomos alvo de buscas. A polícia precisava da documentação – que eu deduzo que tenha sido recolhida noutros sítios, para ser feito o cruzamento – e nós demos acesso à mesma. Estiveram cá 30 minutos: fotocopiaram a documentação e saíram”, explica o dirigente.

Pedro Nuno saiu da Académica no final de 2016, depois de duas épocas e meia ao serviço da Briosa. Sairia para o Benfica, onde foi cedido ao Tondela, por empréstimo, durante duas épocas. É actualmente jogador do Moreirense.

Por sua vez, Chiquinho esteve na Académica na época 2017-18, sendo vendido ao clube da Luz e emprestado ao Moreirense. Desde então, o jogador regressou à Luz, realizando dois encontros na presente temporada. 

A Operação Mala Ciao, que motivou esta operação junto da Académica, investiga diversas transferências. As autoridades suspeitam que a compra de passes de jogadores terá servido como contrapartida para estes perderem determinados jogos. Investigam-se ainda alegados pagamentos a jogadores, feitos por clubes adversários, para estes vencerem outros rivais.

Dia com buscas em Lisboa e Açores

A manhã desta segunda-feira foi agitada para as autoridades portuguesas: em poucas horas, agentes da Polícia Judiciária (PJ), em conjunto com a Autoridade Tributária (AT), entraram em acção nas instalações de Benfica, Sporting e Santa Clara para realizar 29 buscas, no âmbito de investigações Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).

A operação que envolveu “águias” e açorianos foi a primeira a ser conhecida. Além das buscas nas instalações da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) de Benfica e Santa Clara, a operação contou com oito buscas domiciliárias, duas a escritórios de advogados e nove a outros tipos de sociedades. A acção foi posteriormente explicada num comunicado enviado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) às redacções, onde a entidade descreveu as suspeitas que motivaram as buscas aos clubes de futebol.

Nos inquéritos investigam-se factos susceptíveis de integrarem crimes de participação económica em negócio ou recebimento indevido de vantagem, corrupção activa e passiva no fenómeno desportivo, fraude fiscal qualificada e branqueamento”, explicou a PGR. Ficou ainda claro que as autoridades analisaram a transferência de vários jogadores, verificando ainda suspeitas de irregularidades no pagamento de prémios de jogo, o uso indevido de fundos do clube e a satisfação pessoal das dívidas de dirigentes.

Enquanto a PJ estava na Luz e nos Açores, as autoridades dirigiam-se ao estádio do Sporting. Em causa está um alegado crime de branqueamento de capitais, referente ao período entre 2011 e 2014. Também o Sporting anunciou esta operação em comunicado, reiterando total colaboração com as autoridades.

“Congratulamo-nos ainda com o esforço do Ministério Público e das autoridades competentes em prol da verdade desportiva e da transparência, contribuindo para a dignificação do futebol português, neste e noutros processos”, informaram os “leões”.

A TVI avançou que a investigação era dirigida ao empresário Álvaro Sobrinho, explicando que a PJ queria apurar a origem dos 20 milhões de euros que o empresário angolano investiu no Sporting, nos três anos acima mencionados, através da Holdimo. No final de 2014, a sociedade angolana detinha quase 30% da SAD do Sporting.