Polícia Judiciária faz buscas nos estádios do Benfica e Santa Clara

“Águias” e açorianos foram alvo de buscas na manhã desta segunda-feira. PGR diz que suspeitas se prendem com crimes de fraude fiscal, corrupção activa e passiva e ainda branqueamento.

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Buscas foram realizadas esta manhã no Estádio da Luz REUTERS/CARL RECINE

O Benfica e o Santa Clara foram, na manhã desta segunda-feira, alvo de buscas da Polícia Judiciária (PJ). A notícia foi avançada pela revista Sábado e confirmada pelo PÚBLICO. Posteriormente, a Procuradoria-Geral da República (PGR) emitiu um comunicado detalhando as suspeitas que originaram as buscas e que visaram ainda a Académica.

“Nos inquéritos investigam-se factos susceptíveis de integrarem crimes de participação económica em negócio ou recebimento indevido de vantagem, corrupção activa e passiva no fenómeno desportivo, fraude fiscal qualificada e branqueamento”, explica a PGR.

O Benfica reagiu, em comunicado, às buscas da PJ, confirmando a acção das autoridades no Estádio da Luz e demonstrando total disponibilidade na colaboração com a Justiça. 

Esta investigação está sob a alçada de uma das duas equipas de magistrados que o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) tem para debelar a criminalidade no mundo do futebol. Enquanto uma delas se dedica sobretudo ao fenómeno da fraude fiscal, a outra, que superintendeu a estas buscas, viu as suas competências alargadas da viciação dos resultados de jogos desportivos para a corrupção no âmbito dos contratos dos jogadores.

As autoridades analisam a transferência de vários jogadores, verificando ainda suspeitas de irregularidades no pagamento de prémios de jogo, o uso indevido de fundos do clube por parte de dirigentes e a satisfação pessoal das dívidas de dirigentes. 

Fonte oficial do emblema açoriano diz ao PÚBLICO que a PJ se concentrou na transferência do extremo líbio Hamdou Elhouni, que esteve uma época nos Açores e foi depois transferido para o Benfica, que o emprestou ao Chaves. No final das duas épocas de empréstimo ao Chaves, o extremo foi a custo zero para o Desp. Aves, um dos clubes envolvidos no processo Mala Ciao. Este processo investiga diversas transferências, nomeadamente a suspeita de que a compra de passes de jogadores terá servido como contrapartida para estes perderem determinados jogos. Investiga-se ainda o pagamento a jogadores, feitos por clubes adversários, para estes vencerem outros rivais.

Nas buscas desta segunda-feira, também os negócios de outros dois jogadores do mesmo país, Al-Gadi e Muaid Salem Ali, estão sob escrutínio das autoridades.

Além dos estádios de Benfica e Santa Clara, foram ainda realizadas buscas em oito residências, às instalações de três clubes e a dois escritórios de advogados. Uma fundação também recebeu a visita das autoridades. A Sábado diz ainda que também as residências e empresas de dirigentes do Santa Clara foram alvo de buscas, mas o PÚBLICO ainda não conseguiu confirmar a informação junto do clube açoriano.

Para além do Benfica e Santa Clara, o terceiro clube alvo de buscas foi a Académica. Segundo o jornal Record, no caso dos “estudantes” estão em causa vendas dos jogadores Pedro Nuno e Chiquinho para o Benfica. 

Pedro Nuno transferiu-se para a Luz na temporada de 2016/17, sendo emprestado depois ao Tondela e acabando por se fixar no Moreirense, onde actualmente joga. Já Chiquinho, deixou a Académica em 2018/19, mas o Benfica emprestou-o nessa mesma época ao Moreirense a título definitivo. Na temporada seguinte, contudo, foi recomprado pelo clube da Luz e integra actualmente o plantel dos “encarnados”. Com Ana Henriques

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