Rui Moreira defende colaboração do SNS com privados e sector social e pede “medidas urgentes”

O presidente da Câmara do Porto participou no livro que o líder da Juventude Centrista prefaciou e que foi apresentado esta quarta-feira. Os antigos lideres do CDS, Adriano Moreira, Manuel Monteiro e José Ribeiro e Castro também escreveram textos para o livro.

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Rii Moreira e Francisco Rodrigues dos Santos estiveram jutnos no lançamento de um livro prefaciado pelo líder da Juventude Centristaa LUSA/JOSÉ COELHO

O presidente da Câmara do Porto está preocupado com a expansão da pandemia de covid-19 na Região Norte e pede” medidas urgentes”, ao mesmo tempo que defende que a colaboração entre o Serviço Nacional de Saúde e os sectores privado e social deveria ter sido contratualizada mais cedo para melhorar a resposta do SNS.

“Há coisas que são absolutamente necessárias fazer. O incremento de transportes públicos  que creio que hoje será anunciado  é uma medida relevante. O transporte público nesta cidade e nesta região é muito importante”, porque “há muitas pessoas que não podem ficar confinadas em casa, não podem fazer teletrabalho, precisam de ir para o seu posto de trabalho”, declarou nesta quarta-feira Rui Moreira aos jornalistas, à entrada para a sessão de apresentação do livro O Estado de Portugal – Desafios de Futuro, que é uma compilação de textos assinados por várias personalidades. A organização e o prefácio ficaram a cargo do presidente da Juventude Centrista, Francisco Mota.

O Porto foi a cidade escolhida pelo líder da JC para a apresentação do livro que conta com a colaboração de ex-presidentes do CDS, como Adriano Moreira, Manuel Monteiro e José Ribeiro e Castro. O presidente da câmara, Rui Moreira, o independente que governa o Porto com o apoio dos centristas, foi também convidado a escrever um texto sobre a descentralização e foi com este tema que começou a sessão de apresentação do livro, na qual participou também o presidente do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos.

O autarca do Porto disse que estes são tempos de “navegar à vista” e de “tentar conter as coisas e esperar que a situação não se agrave”, o que, sublinhou, “depende naturalmente também dos nossos comportamentos individuais e depende de medidas que é preciso tomar a nível da saúde e que vão sendo tomadas”. “Nós não temos só um Serviço Nacional de Saúde, temos um sistema nacional de saúde e, portanto, temos de contar com todos os profissionais, com todos os médicos, com todos os enfermeiros, com o sistema público e também com o sistema privado e com as IPSS que neste momento são necessárias”, defendeu, considerando que a colaboração entre o sector público e os sectores privados e social já devia ter sido implementada perante a dimensão da pandemia.

“Julgo que ela [a colaboração] está a ser aprofundada neste momento, porventura, poderia ter sido contratada mais cedo, mas isso, enfim, manda quem pode e obedece quem deve, e, nesta matéria, acho muito mal que cada um de nós comece agora a pensar que deveria ter sido feita outra coisa. Não vale a pena”, afirmou Rui Moreira, assinalando que a “única coisa que até agora funcionou contra este vírus foi o confinamento e a verdade é que nós neste momento não podemos confinar o país por razões que são por demais evidentes”.

“A nós cumpre-nos obedecer àquilo que são as indicações por um lado do Governo, Parlamento e do senhor Presidente da República e, por outro lado, acatar aquilo que são as medidas que quem sabe desta matéria ou pretende saber desta matéria nos indica. Não encontrarão da minha parte nunca comentários sobre se deveria ter feito ou se não se poderia fazer”, assumiu Rui Moreira.

Governo chega “tarde e a más horas”, diz CDS

 À entrada do auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett, onde decorreu a sessão, Francisco Rodrigues dos Santos afirmou que a “situação pandémica em Portugal exige que Marta Temido não seja apenas ministra do Serviço Nacional de Saúde, mas que seja uma ministra da Saúde”, e criticou o Governo por andar a “reboque dos acontecimentos.” Sublinhou que a “saúde em Portugal tem uma resposta de âmbito alargado que complementa o SNS com o sector social e o particular que não estão a ser utilizados (…) e que só agora, perante o colapso do sistema de saúde, é que se equaciona [a possibilidade] de serem accionados”.

“Mais uma vez”, o Governo chega “tarde e a más horas”, tomando decisões a “reboque dos acontecimentos e “até de alertas deixados pelo Tribunal de Contas, que diz que a recuperação da actividade interrompida requer cuidados adicionais na prática clínica, sob pena de a capacidade instalada ser insuficiente face ao acréscimo da procura, sem o aumento acentuado dos tempos de espera”, criticou Francisco Rodrigues dos Santos, deixando críticas à actuação do Governo que, na sua opinião, “não foi capaz de prever, planear e antecipar esta pressão sobre o SNS e encontrar soluções, nomeadamente contratualizando com o sector particular e o social para oferecer consultas, cirurgias e exames”.

Antes de se pronunciar sobre a determinação do Ministério da Saúde de permitir que os hospitais suspendam toda a actividade assistencial não urgente durante este mês, o líder do CDS revelou que foram “canceladas 100 mil cirurgias, seis milhões de consultas presenciais nos centros de saúde e 17 milhões de exames” e, perante estes números, aproveitou para dizer que com esta decisão o Governo está a “fechar a porta na cara” aos doentes, “agravando” o problema em vez de o resolver.

Francisco Rodrigues dos Santos reafirmou que o CDS é a favor da criação de uma “via verde” que permita aos doentes que vejam ultrapassados os tempos máximos de espera para consultas, exames e cirurgias recorrer aos sectores privados e social, tendo garantido os pagamentos por parte do Estado. O partido liderado por Francisco Rodrigues dos Santos defende ainda a criação de um “corredor de emergência” para a recuperação dos atrasos em consultas, exames e cirurgias.

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