Estado de emergência: pela nossa saúde e pela economia

Tem existido uma maior propagação da doença em indivíduos com idades compreendidas entre os 20 e os 39 anos. Na sua maioria, localizados nos grandes centros urbanos. Essa propagação resulta de ajuntamentos noturnos, festas familiares e outros convívios sociais.

Sob o mote “máxima eficácia, mínima perturbação”, com o qual não podia estar mais de acordo, o Governo apresentou, ao final de tarde deste sábado, um conjunto de medidas específicas para aqueles foi foram determinados como sendo “concelhos de risco”. Mas a eficácia das medidas apresentadas dependerá, em grande parte, do cumprimento das mesmas, por parte da população. Nesse sentido, apelo uma vez mais a que todos façam cumprir as medidas e recomendações necessárias para combater a disseminação da Covid-19.

Esta disseminação pelo país e, em particular, pelo Distrito do Porto, obriga à implementação de medidas restritivas no que à circulação de indivíduos diz respeito. Contudo, creio que devemos também refletir e analisar sobre o impacto não só a nível social, mas também, a nível económico que essas medidas podem trazer ao país e ao Grande Porto, sob prejuízo de reagirmos por impulso e “ser pior a emenda do que o soneto”, pelo que o mote do Governo me parece o mais acertado.

Na qualidade de Presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil, troquei ao longo de toda a semana diversos pareceres com autarcas do distrito do Porto que, de uma forma geral, demonstram concordar com a necessidade de equilibrar as preocupações com a Saúde Pública e com as consequências que determinadas medidas podem ter na economia. Numa linguagem mais popular “não podemos morrer da doença, mas também não podemos morrer à fome”, parando a economia! Nesse sentido, as sugestões consensualizadas e formalizadas junto do Governo passavam pela implementação do recolher obrigatório noturno, após o encerramento dos restaurantes e de outros serviços. Hoje vejo que o Governo corrobora com esta necessidade, ao apresentar o “dever cívico de recolhimento domiciliário”.

Se olharmos para dados mais recentes, relativamente à caracterização sociodemográfica dos últimos infetados por Covid-19, reparamos que tem existido uma maior propagação da doença em indivíduos com idades compreendidas entre os 20 e os 39 anos. Na sua maioria, localizados nos grandes centros urbanos. Essa propagação resulta de ajuntamentos noturnos, festas familiares e outros convívios sociais, que desrespeitam todas as regras de distanciamento físico. Já todos devíamos ter percebido que não é momento de estarmos sem máscara a conviver, e sem distanciamento, fora da nossa pequena bolha familiar de segurança.

É com base nestes dados – e na premissa de não prejudicar ainda mais os setores de atividade e respetivos postos de trabalho – que acreditamos ser importante sensibilizar esta camada da população. E é importante os jovens perceberem isto: são também eles os grupos etários mais afetados com uma crise económica.

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