Cinco histórias a seguir na Volta a Espanha 2020

Chris Froome e Thibaut Pinot são incógnitas para a Vuelta 2020, uma prova com muita montanha, que terá cinco portugueses no pelotão.

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Froome na Vuelta 2017 LUSA/Javier Lizon

A paragem competitiva devido à pandemia concentrou a temporada de ciclismo em poucos meses. Com uma semana de Volta a Itália ainda por correr haverá, em simultâneo, a partir desta terça-feira, pedaladas em Espanha, com a Vuelta 2020.

A terceira “grande volta” do ano traz, ao contrário do que se esperava há uns meses, uma importância vital na época e até na carreira de vários ciclistas.

A 75.ª edição da prova espanhola, a correr desta terça-feira até 20 de Novembro, será um escape para muitos corredores que saíram desiludidos do Tour – Primoz Roglic, Tom Dumoulin e Richard Carapaz à cabeça –, mas será também um “medidor de futuro” para dois nomes: Thibaut Pinot, pelos sucessivos falhanços em “grandes voltas”, e Froome, que correrá a última prova de três semanas pela Ineos e cujo nível actual é uma incógnita.

O que ainda vale Froome?

Esta Vuelta será a última oportunidade de ver Chris Froome a correr pela Ineos numa “grande volta”, antes da já anunciada transferência para a Israel Start-Up.

Mas o valor actual do britânico é uma incógnita. Sem correr uma “grande volta” deste o terceiro lugar no Tour 2018 – já lá vão mais de dois anos –, “Froomey” assume não saber exactamente em que ponto está. “É difícil dizer onde estou neste momento, porque não tenho corrido muitas provas por etapas. Tenho-me sentido mais como o meu velho eu, o que é fantástico, mas é difícil de quantificar”.

Como equipa prevenida que é, a Ineos faz questão de levar uma liderança dupla, com Richard Carapaz a recolher, teoricamente, a maior atenção da equipa, sobretudo caso Froome não seja Froome. E Carapaz bem precisa de uma boa Vuelta, como forma de anunciar à Ineos que, no próximo ano, na hierarquia da equipa, não deve colocá-lo atrás de Egan Bernal, Geraint Thomas e Adam Yates.

É desta, Pinot?

Não é claro se Thibaut Pinot vai à Vuelta para lutar pela vitória ou para amealhar etapas. Ainda assim, parece evidente que se há momento para o já experiente ciclista conquistar uma “grande volta” então esta prova é esse momento.

Pinot tem vivido em constantes falhanços nas provas de três semanas, mas esta Vuelta, depois de mais um desempenho fraco no Tour, tem a cara do gaulês: muita montanha e pouco contra-relógio.

O problema é que Pinot tem falhado sempre, mesmo quando as provas são desenhadas à sua medida. Será desta?

Froome, Pinot e quem mais?

Esta Vuelta tem, ao contrário de 2019, um plantel de luxo no que diz respeito à luta pelo triunfo.

A Jumbo vai, como habitualmente, com “artilharia pesada” e terá Roglic, actual campeão da Vuelta, Dumoulin, sempre fiável em provas de três semanas, Sepp Kuss, que brilhou no Tour, e os experientes trepadores George Bennett e Robert Gesink. Em suma, não será fácil bater a equipa holandesa.

Além dos homens da Jumbo, Froome, Carapaz e Pinot, Daniel Martínez, Enric Mas, Alexandr Vlasov e Esteban Chaves são outros nomes a ter conta, sem esquecer, claro, Alejandro Valverde, que nunca recusa dar espectáculo na “sua” Vuelta.

Esta Vuelta não é para sprinters

Quatro etapas planas, 13 com montanha e um contra-relógio. O estranho desenho do percurso da corrida definiu, logo à partida, que seria sensato os sprinters pensarem bem em não aparecerem por Espanha.

Com apenas quatro etapas mais suaves, a Vuelta será uma corrida de permanente sofrimento para os ciclistas mais rápidos e pesados, sem que o número de etapas para sprint compense as batalhas tremendas que estes corredores terão pela frente nos muitos dias de montanha.

Além da muita montanha, a concentração da dureza está, de forma incomum, nas duas primeiras semanas.

Até ao dia de descanso, a primeira semana de prova é mesmo apontada como uma das mais duras da história das “grandes voltas”, com três chegadas em alto, duas etapas de “sobe e desce” permanente e apenas um dia plano.

Isto significará que, no primeiro dia de descanso, a classificação final poderá estar já bastante definida e a “selecção natural” já esteja feita, depois de uma corrida provavelmente muito atacada desde início.

Mas há mais: a Vuelta conta apenas com um contra-relógio e mesmo esse tem uma subida muito dura. Quão dura? 14,6% de inclinação. Este sector poderá permitir a ciclistas como Pinot mascararem as dificuldades no “crono”.

Oliveiras, Costa e Vilela

A Vuelta 2020 terá no pelotão quatro ciclistas portugueses. Como habitualmente, Nélson Oliveira será um homem de trabalho na Movistar, como suporte de Enric Mas e Valverde.

Já Ricardo Vilela poderá ter “carta-branca” para fugas na sempre activa Burgos, enquanto a Emirates traz três portugueses em cenário diferente: com Davide Formolo, Sergio Henao e David de la Cruz (a equipa não traz um verdadeiro líder, preferindo ver dia-a-dia como vão estando os três trepadores) no lote de convocados, Rui Costa, Rui Oliveira e Ivo Oliveira (que ainda lançará Philipsen nos sprints) poderão ter os objectivos individuais algo limitados, ainda que o ex-campeão mundial possa, em dias específicos, lançar-se ao ataque às etapas.

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