Liga dos Direitos Humanos acusa Presidente guineense de “implantação do terror”

Organização diz que há um esquadrão de repressão que “anda a espalhar o terror por todos os lados na Guiné-Bissau” com “a bênção” de Umaro Sissoco Embaló.

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Protesto contra o Presidente guineense em Lisboa TIAGO PETINGA/LUSA

A Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) acusou esta segunda-feira o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, de ter adoptado “como método do seu consulado a implantação do terror como forma de controlar a mente dos cidadãos”. Garantindo que há um esquadrão repressivo formado com “a bênção” do chefe de Estado.

“O Presidente da República Umaro Sissoco Embaló, adoptou como método do seu consulado a implantação de terror como forma de controlar a mente dos cidadãos. E para a materialização desta sua intenção maléfica, emergiu em Bissau um esquadrão de repressão de cuja referência moral é supostamente o senhor Umaro Sissoco Embaló que, com a bênção deste, anda a espalhar o terror por todos os lados na Guiné-Bissau”, afirmou a organização.

As palavras foram proferidas durante uma conferência de imprensa, convocada para a manhã desta segunda-feira, em Bissau, para contestar “as respostas desajustadas” do Presidente à chegada ao país, depois de uma visita oficial a Portugal, em que afirmava que a Liga era selectiva nas suas denúncias de violação dos direitos humanos.

Para a Liga, o Presidente guineense está empenhado “numa saga desenfreada de apologia à violência gratuita”, como demonstra a sua frase “quem não se cuidar alguém há-de cuidar dele”, uma ameaça explícita contra quem ouse contrariar o poder instituído.

Em várias ocasiões, desde que assumiu o poder, que Embaló tem lançado avisos de que agora quem manda na Guiné-Bissau é ele e que todos os outros poderes respondem perante ele, contrariando a Constituição que diz que o Governo responde à Assembleia Nacional e que o chefe de Estado não tem poderes executivos.

Numa entrevista à France 24, Embaló disse que embora haja “uma separação de poderes” é ele o único que tem legitimidade popular actualmente na Guiné-Bissau”, apesar de os deputados da nação terem sido eleitos em 2019 numa eleição separada.

Este sábado, em entrevista ao Expresso, voltou a reiterar essa sua interpretação constitucional: o Poder é ele. “Chefe é chefe. Eu decido e eles obedecem”, disse o Presidente.

Manifestando a sua disponibilidade para continuar a colaborar com as autoridades, a LGDH garantiu a sua determinação para “combater as derivas dictatoriais que visam minar” as “conquistas democráticas” do país. “No Estado de direito e democrático, a manutenção da ordem e respeito pelas regras não se compaginam com o livre arbítrio das autoridades, mas com o respeito pelos ditames legais”, diz a organização.

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